Prestes a alcançar um faturamento de R$ 625 milhões, a empresa de limpeza e serviços Brasanitas planeja duas aquisições até meados do ano que vem. Segundo Marcelo Trovati, diretor comercial do grupo, estão no radar um negócio na área de controle de pragas e outro no segmento de manutenção de linhas de montagem e maquinário industrial. A diversificação das operações, sem perder de vista o crescimento de sua principal atividade, a limpeza corporativa, integra a estratégia para dobrar a receita bruta para R$ 1,2 bilhão em 2016.
Além disso, a companhia familiar, criada em 1962 em São Paulo, realiza mudanças para profissionalizar seu comando. Sob orientação da consultoria Mesa Corporate Governance, foi criado um conselho consultivo de cinco membros em março. Fazem parte os três sócios - Paulo Magalhães e os sobrinhos Orcalino e Renato Magalhães -, um consultor da Mesa e um executivo de fora, Flavio Luz (ex-Duratex). O processo caminha para que, no segundo semestre de 2013, o conselho se torne deliberativo e os três sócios, hoje diretores-executivos do negócio, nomeiem um CEO para ficar à frente a operação.
A intenção é preparar o grupo para passos mais ousados a partir de 2016, que podem contemplar desde uma fusão ou joint-venture até um plano de internacionalização. A abertura de capital não está descartada, mas não é um objetivo no horizonte próximo. "Esses segmentos [em que o grupo atua] geram um Ebtida [lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação] baixo, é difícil ter atratividade na bolsa", diz Trovati.
Apesar de o mercado externo ser uma possibilidade no longo prazo, o foco principal é a expansão no Brasil. A companhia vem crescendo de forma acelerada. A meta de faturamento de R$ 500 milhões, prevista no início do ano passado para ser atingida em 2012, foi obtida em 2011. Este ano, a expansão estimada é de 25%. E em 2013, a projeção é de faturar R$ 720 milhões.
Hoje, 70% da receita vem da Brasanitas Limpeza e Conservação. O grupo é formado ainda pela Brasanitas Hospitalar (especializada na limpeza de hospitais, laboratórios e clínicas de saúde); pela Infralink, de manutenção predial; e pela Praxxis, de controle de pragas. A perspectiva é que, em 2016, a participação da unidade de limpeza corporativa no faturamento caia para 58%, com o aumento da fatia de saúde dos atuais 21% para 30%; da Infralink, de 8% para 10%; e da divisão de dedetização, de 1% para 2%.
Os serviços de limpeza, manutenção predial e dedetização no Brasil movimentaram entre R$ 31 bilhões e R$ 32 bilhões em 2011, segundo dados da Febrac, federação de empresas setor. A Brasanitas figura entre as grandes competidoras, assim como a francesa Sodexo, a dinamarquesa ISS e a brasileira Personal Service. Mas o mercado é bastante pulverizado. São cerca de 13,2 mil companhias, que empregam mais de 1,5 milhão de trabalhadores. Estudo da Febrac estima que 68% delas têm menos de 20 funcionários. Cerca de 5% das empresas empregam mais de 60% da mão de obra do setor.
Esse cenário indica um amplo espaço para consolidação. Ao mesmo tempo, faz com que as maiores companhias busquem cada vez mais a sofisticação dos serviços, como forma de se diferenciar das concorrentes de menor porte e evitar que a disputa pelos contratos se resuma a uma guerra de preços. Daí a busca da Brasanitas por adquirir uma empresa especializada em manutenção industrial - que envolve os cuidados técnicos para manter em funcionamento linhas de montagem, esteiras rolantes e equipamentos nas fábricas.
"Esse é um mercado de R$ 60 bilhões", diz Trovati. E estrategicamente interessante. Por exigir conhecimentos mais específicos e estar ligado ao "coração" das indústrias, é um tipo de serviço menos sujeito a trocas de fornecedor. Com sua oferta, aliada à manutenção geral, mais comum, a Brasanitas espera "proteger" sua carteira de clientes contra migrações para a concorrência.
Mesmo em áreas mais disputadas, como a de limpeza corporativa, a Brasanitas tem investido em softwares para controle de operações e processos, equipamentos e em especialização. A empresa, que faz a limpeza técnica dos trens do metrô de São Paulo, venceu recentemente concorrência para limpar as aeronaves Airbus da TAM nos aeroportos de Congonhas e Confins. No ano passado e neste, aplicou um total de R$ 4 milhões em treinamento e tecnologia e em 2013 planeja dobrar esse investimento, com recursos próprios e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Na área de dedetização, um serviço, segundo Trovati, de menor valor agregado, a ideia é crescer com um sistema de franquias da Praxxis, previsto para ser lançado em janeiro. "Assim deixo de atuar só em São Paulo e no Paraná e passo a operar em toda a federação", afirma. No mercado paulista, o maior do país, o plano é ampliar a operação própria com a compra de outra empresa de controle de pragas.
Na Infralink, além da especialização prevista com a entrada na área de manutenção industrial, uma estratégia para ampliar as vendas tem sido a oferta dos serviços para o setor de shoppings, do qual o grupo já é grande fornecedor no segmento de limpeza. "Hoje, dos 42 shoppings que atendemos com limpeza, também fazemos manutenção em 12", diz Trovati. O trabalho inclui, por exemplo, cuidar do sistema de ar condicionado e do funcionamento da parte hidráulica e elétrica dos centros de compra. Veículo Valor econômico
Fonte:abrasnet 22/11/2012
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