Fornecedores de vários países e missões comerciais começam a prospectar o mercado nacional em busca de clientes. Movimento deve beneficiar a profissionalização e a adequação a padrões internacionais
O mercado de saúde brasileiro tem atraído a atenção de empresas estrangeiras e novas marcas devem ajudar os CIOs do setor na busca pela profissionalização e adequação dos negócios a padrões internacionais. Os sinais estão sendo percebidos desde o ano passado e está longe de mostrar arrefecimento. “O Brasil é a bola da vez na economia mundial e isso se reflete no segmento”, aponta o presidente da Sociedade Brasileira de Informática em Saúde (SBIS), Cláudio Giulliano da Costa.
Nas últimas semanas, a entidade recebeu a visita de pelo menos três missões comerciais de países distintos, que mostraram grande interesse no Brasil. Os consulados da França e Dinamarca, além de representantes de empresas espanholas, vieram sondar a possibilidade de trazer companhias de TI em saúde e a aceitação delas entre as instituições brasileiras. “É um primeiro passo, mais adiante é provável que comecem a participar de feiras do setor e haja um evento próprio desses países para se mostrarem ao mercado”, diz Costa.
Segundo o presidente da associação, o Brasil está procurando produtos e serviços em TI que ajudem as empresas a enfrentarem pelo menos três grandes desafios para os próximos anos. O mais urgente é o aquecimento do setor, com a chegada de novos pacientes e a possibilidade de crescimento das empresas. A entrada de novos equipamentos hospitalares que geram um grande volume de dados e o crescente uso de dispositivos móveis são outras tendências que exigirão investimentos em controles e processos de TI. Por último, a profissionalização do setor, com a busca por adequação a normas e padrões internacionais.
“O mercado ficará aquecido e o CIO vai querer conhecer essas novas empresas, o que deve contribuir para a qualificação da concorrência no setor e aumentar as oportunidades”, aponta. Para ele, há muito espaço para marcas brasileiras e estrangeiras crescerem, já que o Brasil está em um bom momento e com demanda suficiente para todos.
É o que aponta um estudo da Frost&Sullivan, que detectou que os gastos com TI na área de saúde devem totalizar US$ 471,5 milhões no Brasil neste ano. As empresas planejam investir cerca de 4% do orçamento em produtos e soluções desse tipo e o movimento deve continuar crescente até 2015, quando os gastos chegarão a US$ 713,9 milhões, representando um aumento de 51,4%. De acordo com o estudo, o Brasil representa mais de 40% do mercado de saúde na América Latina e deve crescer a taxas de 12,2% entre 2012 a 2015. É esse aquecimento que tem despertado o interesse de empresas estrangeiras.
A americana Cerner é uma das recém chegadas. A companhia estudava a entrada no mercado brasileiro desde 2010. A operação começou em março de 2012, com a abertura do escritório local e a contratação dos primeiros funcionários. Para o ano que vem, a companhia espera um aumento das contratações e a efetivação dos primeiros contratos nacionais. “O mercado é muito promissor e as conversas que temos feito são muito entusiasmantes”, comenta o diretor regional, Luiz Ladeira.
A empresa espera ganhar mercado principalmente com soluções para quem já tem alguma infraestrutura de TI e busca novidades e diferenciais competitivos. Dois produtos são considerados ponta-de-lança na estratégia de crescimento. O Smart Room, que conecta todos os equipamentos e fornece uma leitura completa do paciente e o Light House, que monitora e mapeia os processos clínicos, fornecendo índices internacionais comparativos para que sejam buscadas melhorias contínuas.
“A medicina está diferente de há 10 anos, os hospitais estão mais informatizados e os médicos e pacientes têm acesso a mais informações, por isso os sistemas que irão equipar os hospitais precisam ser algo além da informática tradicional”, aponta Ladeira.
A portuguesa Ideal Clinical Software (ICS) é outra que chegou recentemente ao mercado brasileiro. A empresa vem trabalhando localmente desde o segundo semestre de 2011 e já tem planos de expansão. “A ICS tem feito e irá continuar a fazer uma forte aposta no mercado brasileiro, devendo inaugurar, até ao final do ano, a representação da ICS e da Idealmed R&D no Brasil”, diz o diretor de Projeto Médico, Pedro Monteiro.
A companhia ainda vem buscando parceiros nas áreas técnicas, logísticas e científicas e promete anunciar clientes em breve nos setores público e privado. As expectativas são otimistas. A ICS espera que até 2014 o Brasil se torne o seu maior mercado, estimando que venha a representar cerca de 70% do faturamento global.
Momento único
As estrangeiras chegam num momento particularmente interessante do mercado brasileiro. Além do setor estar aquecido e buscando adequação internacional, a TI como um todo está mais palatável às áreas de negócio e deixou de ser um mistério preso dentro de salas frias de CPD. Além disso, os preços para a infraestrutura básica vem caindo drasticamente, o que dá aos CIOS todas as condições de planejarem o crescimento baseado na inovação e no uso de soluções diferenciadas.
Segundo o presidente da SBIS, irá se sobressair no mercado a empresa que conseguir usar a TI de modo a aproveitar todas essa boa oferta e movimento favorável. “Não importa se o fornecedor é nacional ou estrangeiro, há espaço para todos”, completa.
Fusões de brasileiras buscam musculatura
O momento econômico e a chegada de estrangeiras têm forçado as fornecedoras nacionais de TI a buscarem aumentar seu poder de fogo. De acordo com levantamento da KPMG, houve um aumento de 8,7% no número de fusões e aquisições no primeiro semestre deste ano em relação ao mesmo período do ano passado. Foram 50 transações, representando o maior volume semestral desde que a pesquisa começou a ser realizada no Brasil, em 1994.
Fusões como a da catarinense Pixeon com a paulista Medical Systems devem se tornar mais comuns (veja mais no Conexão Saúde). A nova empresa, chamada Pixeon Medical Systems, já nasce com uma carteira de mais de 1.200 clientes espalhados por todos os Estados do Brasil, além de Argentina e Chile. A transação envolveu aporte da Intel Capital, braço de investimentos estratégicos da Intel, que já era acionista minoritária da Pixeon.
A joint venture entre Alert e Benner já tinha sido um sinal de que as empresas nacionais buscariam ampliar o poder da operação. Ocorrido em maio, o acordo permitiu a criação de uma empresa com faturamento de R$ 300 milhões nos próximos três anos e portfólio abrangente e complementar.
A chegada de novos investidores é outra tendência tida como certa. Operações como a entrada do fundo norte-americano de private equity Insight Partners na Bionexo e na MV devem ocorrer com mais frequência.
Fonte: saudeweb 05/10/2012
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