Compra da Amil por gigante americana marca consolidação do segmento
Pulverização do mercado, com 1.600 empresas, e ascensão da classe C são citados como fatores favoráveis
A compra da Amil pela gigante americana de planos de saúde UnitedHealth por R$ 9,95 bilhões, anunciada ontem, marca o processo de consolidação desse setor no Brasil, afirmam analistas ouvidos pela Folha. A empresa dos EUA, que atende 75 milhões de pessoas no mundo, adquiriu 90% da companhia brasileira.
Com cerca de 1.600 companhias, o segmento de convênios médico-hospitalares e odontológicos do país -que movimentou R$ 85 bilhões em 2011- é promissor, considerando o aumento do emprego e da renda. "Principalmente empresas regionais do Norte e do Nordeste devem estar no foco de fusões e aquisições durante os próximos dois anos", diz Mário Bernardes Júnior, analista do BB Investimentos. "São companhias, por exemplo, nascidas a partir de associações de médicos que passaram a oferecer planos."
A equipe de análise da corretora Coinvalores destaca que o interesse por novas aquisições pode partir tanto de grandes grupos estrangeiros quanto de locais. A empresa ressalta que cerca de 30 companhias -como SulAmérica, Porto Seguro, Bradesco Saúde e Golden Cross, além da Amil- controlam 80% do setor e seriam compradoras em potencial.
O uso de planos de saúde no país ainda é considerado baixo se comparado ao de mercados mais maduros, como os EUA. Enquanto no Brasil cerca de 25% da população utiliza os convênios pulverizados entre 1.600 companhias, nos EUA são 78% dos moradores, atendidos por 434 empresas.
De acordo com Edson Bueno, fundador e diretor-executivo da Amil Participações, a UnitedHealth tem interesse em desenvolver produtos com foco na classe C.
"Essa companhia é a mais inovadora do mundo em relação a tecnologias e vai atender melhor clientes e médicos", afirmou. Bueno disse ainda que não haverá alteração dos planos vigentes.
A operação com a Amil ainda precisa ser aprovada pela ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar).
Em nota, a instituição afirmou que a legislação "permite a livre participação de capital estrangeiro em operadoras de planos de saúde" e que isso não é inédito no Brasil. CAROLINA MATOS
Fonte: Folha de São Paulo 09/10/2012
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