Empresas anunciaram ontem acordo para fabricar quatro veículos em conjunto
Ainda não é o anúncio da fusão esperada pelos acionistas e pelos mercados financeiros da Europa, mas é um primeiro passo. Os grupos PSA Peugeot-Citroën, da França, e General Motors, dos Estados Unidos, anunciaram ontem, em Paris, o início da parceria industrial com a criação de quatro veículos projetados a partir de plataformas comuns.
Os planos são a primeira confirmação prática do acordo de parceria firmado em 29 de fevereiro e são considerados por analistas o primeiro passo para a fusão entre a montadora francesa e a alemã Opel, subsidiária da GM na Europa, ambas em crise financeira por causa da queda nas vendas e do excesso de capacidade produtiva.
O anúncio da sinergia entre a PSA e a General Motors vinha sendo abafado nessa semana pela crise do banco PSA Finance (BPF), o braço financeiro do grupo, que precisará ser socorrido com € 5 bilhões em garantias do Estado para sobreviver. Ontem, a "aliança estratégica" veio, enfim, a público, quando as duas empresas "confirmaram hoje a implantação das próximas etapas-chave com vistas à realização de sua aliança estratégica mundial".
Associação. Em um primeiro momento, quatro projetos industriais serão desenvolvidos em parceria: um veículo monoespaço para Opel-Vauxhall e para Peugeot, o futuro Peugeot 5008; um compacto Opel-Vauxhall e Citroën, baseado sobre a plataforma do atual Citroën C3; um subcompacto de baixo consumo para Opel-Vauxhall, Peugeot e Citroën, que pode servir de base para os futuros Opem Adam, Citroën DS1 e Peugeot 108; e finalmente uma plataforma de veículo do segmento D, uma station wagon de luxo que poderia checar ao mercado com os nomes de Opel Insignia, Citroën C5 ou DS5 e Peugeot 508.
Até aqui, as marcas confirmam apenas os segmentos em que os veículos serão desenvolvidos, mas não os modelos que serão lançados. A decisão anunciada ontem é o primeiro passo concreto da aliança estratégica que visa sinergias de até US$ 2 bilhões por ano em compras conjuntas e em pesquisa e desenvolvimento de plataformas. Mas, em Paris, investidores e analistas de mercado apostam na fusão de PSA Peugeot-Citroën e Opel-Vauxhall, o braço europeu da GM.
Controle.
Até mesmo a perda de espaço da família Peugeot já vem sendo evocada. Ao longo do seu primeiro século de vida, a companhia foi dirigida por membros da família, que até aqui mantinham o controle acionário do grupo, com 19% das ações. Segundo o jornal de economia Les Echos, dois dos integrantes da família Peugeot, os primos Robert e Thierry Peugeot, estão divididos sobre a parceria com a GM.
Os rumores obrigaram a empresa a desmentir a perda de controle ontem. "Robert Peugeot desmente formalmente a informação segundo a qual ele desejaria ver a família Peugeot deixar o mercado automotivo", afirmou um porta-voz da empresa. "A família está solidária e sem nenhuma dissensão."
Os rumores foram reforçados pelo provável resgate do banco BPF pelo Estado francês. Em troca dos € 5 bilhões em garantias, o governo do socialista François Hollande pediu a revisão do plano de demissões que prevê a extinção de 8 mil postos de trabalho na companhia.
"Durante o período de garantia do Estado, (a empresa) não poderá distribuir dividendos ou realizar compra de ações, nem atribuir aos membros do diretório opções de compra de ações, nem ações gratuitas", confirmou a empresa por comunicado. Por fim, o acordo também prevê a nomeação de dois administradores, representantes do poder público.
Se as primeiras decisões sobre a aliança com a GM eram esperadas com ansiedade pelos investidores, a intervenção do Estado deu um banho de água fria nos mercados financeiros. Ao longo do dia, os títulos da Peugeot recuaram 7%, chegando a seu pior nível em 26 anos e aprofundando a crise de credibilidade da companhia.ANDREI NETTO , CORRESPONDENTE , PARIS
Fonte: O Estado de S.Paulo 25/10/2012
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