11 setembro 2012

Fundo Actis investe R$ 135 milhões na rede de inglês CNA

A rede de ensino de idiomas CNA recebeu um investimento de R$ 135 milhões do fundo de private equity Actis. Com o aporte, a rede, que hoje figura entre as quatro maiores do País, com 501 unidades e meio milhão de alunos, pretende dobrar de tamanho até 2018. Aquisições não estão descartadas, mas, inicialmente, os sócios falam em usar o dinheiro para crescer de forma orgânica. O investimento foi anunciado ontem, após dez meses de negociações.

 A venda de uma fatia da empresa já estava sendo ensaiada havia dois anos e meio, quando o fundador Luiz Gama Neto recontratou seu ex-diretor financeiro, Décio Pecin. O executivo voltou para a CNA, depois de seis anos fora, com a missão de preparar a empresa para uma sociedade que desse impulso ao crescimento da rede. Gama sabia que não podia continuar sozinho num segmento que estava passando por uma intensa consolidação.

 Em novembro de 2010, o grupo Multi, dono da bandeira Wizard, pagou R$ 100 milhões pela escola de inglês Yázigi, e ultrapassou as 1,6 mil unidades, tornando-se a líder absoluta do setor. “Entendemos que precisávamos de um parceiro para alavancar os negócios”, diz Pecin, que, entre uma passagem e outra pela CNA, atuou numa distribuidora de aço e na associação brasileira de shoppings centers. As unidades da empresa são franqueadas e faturaram juntas, no ano passado, R$ 651 milhões.

 O plano de expansão da rede está concentrado basicamente na região sudeste, onde a marca CNA já é forte mas, segundo Pecin, ainda há espaço para crescer. Os eventos esportivos que vão trazer gringos em massa para o Brasil em 2014 e 2016 estão entre os motivadores do crescimento, já que é preciso correr para formar uma mão de obra com capacidade de se comunicar minimamente com os turistas. Mas não é só isso. Actis e CNA estão de olho num indicador que vai além de Copa e Olimpíada: apenas 3% da população brasileira estuda inglês, segundo o instituto de pesquisas Ipsos. “Isso num momento em que a fluência no idioma virou necessidade no currículo profissional”, diz Pecin.

 Com a entrada da Actis no capital social da empresa, o fundador Luiz Gama Neto passou o comando para Pecin e, a partir de agora, vai presidir o conselho de administração. Ele continua como sócio controlador, já que o fundo comprou uma “participação minoritária relevante” - o porcentual não foi revelado.

 Educação. Esse é o segundo investimento do fundo Actis no setor de educação no Brasil. Em janeiro deste ano, ele investiu R$ 180 milhões na compra de uma participação minoritária na Universidade Cruzeiro do Sul - que usou parte do recurso para comprar a concorrente Unicid, também de São Paulo. “Estamos olhando esse segmento desde que chegamos ao Brasil em 2010”, diz Patrick Ledoux, sócio da Actis. “Foi uma coincidência termos fechado os dois investimentos no mesmo ano.”

 Os ingleses da Actis montaram o escritório no Brasil em 2009, e fizeram o primeiro investimento no ano seguinte. O fundo fez um aporte de R$ 100 milhões na rede de supermercados Companhia Sulamericana de Distribuição (CSD), com unidades no Paraná e Mato Grosso.

 No Brasil, a gestora também já investiu no grupo Gtex, do setor de limpeza, e na corretora XP Investimentos. Embora só agora tenha entrado no segmento educacional brasileiro, esse não é um setor novo para a Actis. Com US$ 5 bilhões em fundos sob gestão em países emergentes, os ingleses já investiram US$ 360 milhões em empresas de educação - como Ambow, PSE e Grupo EIC, na China, além da Universidade Cruzeiro do Sul. Por Naiana Oscar
 Fonte: estadao 10/09/2012

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