Ao todo, foram 150 milhões de euros para criar duas gigantes francesas de computação em nuvem. Depois da operadora SFR e da Bull, a operadora de telefonia Orange e a prestadora de serviços de TI Thalès anunciaram seu projeto de computação em nuvem. Batizado de Andromède, a parceria público-privada (PPP) tem com objetivo competir com empresas como a Amazon.com, Microsoft e Google.
Para lançar os projetos, as quatro companhias contaram com investimentos de 135 milhões de euros do governo francês, ao qual caberá uma parcela de participação nos projetos. Criado em setembro do ano passado, o consórcio desta última PPP era formado inicialmente pela Orange, Thalès e a Dassault Systems. Três meses depois, contudo, a Dassault desistiu do projeto após atritos com a Orange e dúvidas sobre a rentabilidade do negócio.
As empresas argumentam que o negócio é mais seguro para a França e a Europa como um todo, do que se fossem feitas parcerias com as rivais americanas, pois os dados serão hospedados no país ou ao menos em solo europeu, ao contrário delas que possuem servidores espalhados por diversas partes do mundo. De acordo com a versão online do jornal francês Le Monde, uma vez hospedados em solo americano, os dados estão sujeitos à legislação daquele país – o que torna o uso de serviços em nuvem delicado para informações confidenciais de clientes da Europa, especialmente de governo e empresas públicas.
Dois consórcios em vez de um
No dia 5 deste mês, a SFR e a Bull anunciaram a formação da joint venture Numergi, para oferecer infraestrutura como serviço (IaaS). A apresentação da companhia foi norteada pelo discurso sobre a segurança e a confiabilidade da oferta de serviços na nuvem por empresas francesas. De acordo com a Bull, a joint venture tinha planos de oferecer também serviços de plataforma como serviço (PaaS). Um dia depois, a Orange e a Thales divulgarem a criação do consórcio chamado Cloudwatt.
Em entrevista à versão francesa do ZDNet, o diretor de computação em nuvem da Bull, Bruno Pinna, admitiu a dificuldade de colocar a parceria com a SFR em prática, após a desistência da Dassault. “Andromède pode dar a impressão que se resume a uma espécie de arranjo com o investimento disfarçado do estado. Refuto completamente essa hipótese. A competitividade de um mercado global está em primeiro lugar nas nossas preocupações”, afirmou.
Oposição interna
Mesmo com os negócios das duas PPP consolidados, há companhias francesas que se dizem lesadas com o investimento público no negócio. Em entrevista ao ZDNet, o CEO da companhia de hospedagem Gandi, Stephan Ramoin, alega que as empresas do projeto Andromède tentaram cooptar seus funcionários. O empresário lamenta a falta de apoio do governo anterior, que ofereceu "apenas 25 milhões de euros a um pequeno grupo, que reunia três ou quatro pequenas e médias empresas, sendo que a maior parte ficaria para o Estado”, diz ele, ressaltando que os projetos atuais são muito caros.
Outros empresários lembraram ao Le Monde de um projeto bem menor. O laboratório LIP6 e sete pequenas e médias empresas anunciaram em janeiro um projeto de computação em nuvem com financiamento de 5 milhões de euros com dinheiro público, somando 10 milhões de euros no total. A missão era “realocar os dados da França” a partir de tecnologias de código aberto.
As empresas rivais americanas não parecem estar preocupadas com as gigantes do setor. A Microsoft e o Google têm planos de reforçar suas ofertas de serviços em nuvem para atender ao nível técnico e tarifário da Amazon, que domina atualmente o mercado com o Amazon Web Services, por trás de diversos serviços populares, como o Tumblr.
Fonte: tiinside 11/09/2012
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