18 setembro 2012

BRQ compra InstiSys para reforçar área financeira

A companhia brasileira BRQ, de serviços de tecnologia da informação (TI), vai anunciar nesta semana a aquisição da InstiSys, que atua em processos de consultoria para a implantação de sistemas de tesouraria e gestão de risco. O valor do acordo é mantido em sigilo.

 Financiada com caixa próprio, a operação foi fechada há cerca de dois meses. Desde então, os 10 clientes de grande porte e os 80 profissionais da InstiSys começaram a ser incorporados pela BRQ. Com o acordo, a companhia criou uma nova divisão, batizada de BRQ Serviços Financeiros. A unidade é liderada por Bruno Schmidt, que fundou a InstiSys no fim de 2008. Na época, frente à crise econômica, o executivo previu o aumento das exigências regulatórias para a realização de operações financeiras e identificou o segmento como uma oportunidade de negócio.

 Segundo Schmidt, esse cenário abriu caminho para a adoção de sistemas que aprimoram a gestão dessas operações. Em contrapartida, o movimento trouxe à tona o desafio da tecnologia em traduzir as demandas de um ambiente regulatório mais complexo e restrito. "Nosso papel é fazer o meio de campo entre quem opera os negócios e quem desenvolve os sistemas", disse o executivo.

 Com forte atuação no desenvolvimento de aplicações para o setor financeiro - segmento que responde por 60% da receita -, a BRQ tinha até então poucos projetos na área de gestão de risco. Ao identificar o avanço da demanda nessa esfera, a empresa considerou a InstiSys um atalho para melhorar sua oferta. "Vamos ganhar competência com essa abordagem consultiva. Antes, estávamos restritos à criação dos sistemas e não tínhamos entendimento do negócio como um todo", disse Benjamin Quadros, presidente da BRQ.

 Apesar da ênfase no mercado financeiro, a nova divisão pode ter seus produtos estendidos a outros setores, como o setor de óleo e gás.

 No plano de quatro anos traçado pela BRQ, a previsão é que a unidade de serviços financeiros registre um crescimento anual de 30% sobre a receita da InstiSys, que foi de R$ 10 milhões em 2011. Como parte da estratégia para impulsionar as vendas da divisão, a BRQ planeja incorporar novas vertentes de serviços à unidade. Essa ampliação do portfólio poderá ser feita tanto com processos internos como por meio de aquisições.

 O investimento em novas aquisições não está restrito aos esforços para estruturar a divisão de serviços financeiros. Sem revelar o montante disponível para levar à frente essa estratégia, Quadros disse que a BRQ está prestes a concluir outra aquisição, desta vez no segmento de gestão de infraestrutura de TI. 

Ainda no plano das aquisições, a companhia vem mantendo conversações com algumas empresas que desenvolvem software para o setor de telecomunicações, outra indústria com forte representação nas receitas da BRQ. Um anúncio nessa direção, no entanto, só deve ocorrer no próximo ano, disse Quadros.

 "Todas essas iniciativas reforçam o nosso direcionamento em priorizar o Brasil neste momento. O foco dos investimentos agora está no país", afirmou o executivo. O pano de fundo para esse movimento é o aquecimento do mercado local, especialmente quando comparado à desaceleração em mercados como a Europa e os Estados Unidos. A BRQ está presente no mercado americano desde 2008, com a compra da Think International.

 Apesar de apontar benefícios como o ganho de competitividade global que pode ser aplicado no Brasil, Quadros ressaltou que a estratégia para a operação americana, a princípio, é manter posição. Com um crescimento previsto de 20% para este ano, a subsidiária nos Estados Unidos respondeu por 7% da receita total da BRQ em 2011, que foi de R$ 350 milhões. A expectativa da empresa é fechar o ano com uma receita total de R$ 450 milhões. Por Moacir Drska
 Fonte: Valor Econômico 18/09/2012

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