Expansão do PIB brasileiro deve levar cenário de inflação mais acentuada no ano que vem, podendo até esbarrar no teto estipulado pelo BC, diz economista-chefe Marcelo Carvalho
Os dados do terceiro trimestre já devem mostrar um quadro de recuperação da economia brasileira, com a melhora da confiança do consumidor e empresários, disse Marcelo Carvalho, economista-chefe para América Latina do BNP Paribas, em coletiva com a imprensa realizada nesta segunda-feira (24).
A economia foi fraca em 2011 e deve seguir caminho similar esse ano, contudo, o ciclo de queda da taxa de juro, que já recuou 5 pontos percentuais desde o fim do ano anterior, além da medida mais recente da liberação do compulsório, devem criar uma sustenção para uma melhora gradual do PIB (Produto Interno Bruto), estima Carvalho.
Segundo ele, a economia deve crescer 2% esse ano, mas o avanço mais robusto vai ser visto em 2013, quando o PIB deve deve chegar a uma alta de 5,5%. "No ano que vem, com a melhora na situação econômica da zona do euro, nós esperamos ver um avanço mais acentuado da economia mundial, impulsionada pela demanda dos países emergentes", disse Carvalho.
O lado negativo desse cenário é que deve trazer juntamente mais inflação. "Com a economia voltando a crescer é difícil visualizar a inflação caminhando para baixo, com os salários crescendo de forma acelerada e a taxa de desemprego em patamar historicamente baixo", comenta Carvalho.
Ele também não estima uma forte desvalorização do real, com a taxa de câmbio praticamente parada durante os próximos trimestres, enquanto os preços das commodities seguem em caminho ascendente, em função da maior demanda e apetite ao risco dos investidores.
Commodities em alta
Nesse panorama, ele estima que os exportadores de commodity devem se favorecer tanto do preço mais elevado da matéria-prima quanto do ambiente econômico mais favorável na China, embora os exportadores do setor manufaturado ainda não devam enxergar um "boom" internacional .
A estimativa do consenso do mercado para a inflação está parada em 5,5% há um bom tempo, e revela a percepção de que o Banco Central não deve conseguir trazer a inflação para o centro da meta, de 4,5% esse ano. Segundo Carvalho, esse cenário aponta mais para uma inflação acima dos 5,5% esse ano, e pode esbarrar no teto do BC de 6,5% em 2013.
Fim do ciclo de corte da Selic
Com essa perspectiva de inflação mais elevada, Carvalho estima que o BC já deve ter encerrado o ciclo de corte da Selic.
"A taxa de juro deve ficar parada esse ano (em 7,5 ao ano) e deve voltar a subir em abril, chegando até o final de 2013 em 9,5% a.a.", comentou o economista. Por Paula Barra Extraído de Infomoney
Fonte: ecofinancas 24/09/2012
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