Segundo um estudo global divulgado pela MasterCard Worldwide, o Brasil ficou em 16º lugar em termos de nível de preparo e aceitação de modelos de pagamento por celular. A pesquisa analisou o cenário em 34 países e levou em conta a aceitação em cada um deles, de três tipos de pagamento por celular: entre pessoas, em compras na internet e pagamentos sem contato no ponto de venda. Os brasileiros têm prioridade pelas formas de pagamento no m-commerce.
Em uma escala de 0 a 100, os 34 países registraram um índice médio de 33,2 em relação à aceitação e preparo para adotar pagamentos móveis. Nenhum mercado atingiu o ponto de inflexão (60), o que indica grandes gargalos a serem superados até que este se torne o principal meio de pagamento adotado pelos consumidores. De acordo com o estudo, o preparo do consumidor é fundamental para o sucesso dos pagamentos móveis.
Desafios
– Na opinião de Gustavo Roxo, sócio da consultoria Booz & Company, o Brasil está mais atrasado se comparado com outros países. “Existem muitas dúvidas em quais são os modelos de mobile payment mais adequados à nossa realidade. Mesmo com a realização de diversos testes, o volume de adoção ainda está muito baixo”, declara. Segundo o executivo, os desafios para esse avanço estão pautados em questões culturais, tecnológicas e operacionais.
“O Brasil tem um mercado de cartão de crédito muito bem desenvolvido e consolidado, pois traz muita comodidade ao cliente. Para um novo modelo de pagamento evoluir, é preciso refletir o retorno dessa tecnologia em vantagem para o consumidor. Quais são os benefícios da operação móvel em comparação com o carão de crédito?”, questiona Roxo.
Maturidade
– Em comparação com o Brasil, outros países têm melhor aderência em termos de modelos de pagamento pelo celular até porque, eles têm realidades diferentes, explica o executivo. A população japonesa, por exemplo, já está totalmente inserida no contexto tecnológico, a mobilidade faz parte da vida dos cidadãos e para eles pagamentos pelo celular é comodidade. Já a África e Indonésia têm realidades diferentes, o mobile payment se desenvolveu nesses países porque não havia mercado de cartões de crédito.
Diversos órgãos brasileiros estão discutindo esse novo meio de pagamento. Na semana passada a Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico (Camara-e.net) realizou uma palestra sobre o mobile payment, no qual foi discutida a elaboração do marco regulatório e as legislações internacionais usadas como modelo, além dos desafios políticos e sociais enfrentados no Brasil para discutir o processo regulatório.
Inclusão bancária
– Na opinião do advogado Marcelo Bechara, esse novo meio de pagamento pode promover a inclusão bancária das pessoas que hoje estão fora do sistema, seja por não querer ou não se qualificar a ter uma conta bancária ou cartão de crédito. Segundo levantamento do CNI-IBOPE 2012, 36% dos brasileiros não têm conta corrente nem conta de poupança. Os motivos são: por não ter condições financeiras (60%), pelo alto custo bancário (11%) e pela burocracia bancária (5%).
Discussão de mercado
– Para Bechara, a grande questão que se coloca sobre os processos de mobile payment é sobre a criação da instituição de pagamento. “Será uma operadora de telecomunicação? Uma instituição independente ou financeira? É uma discussão de mercado e não somente regulatória e tecnológica”, ressalta o diretor. O advogado Leonardo Palhares também ressaltou a importância de abrir a discussão do tema para a sociedade e players do segmento, assim como aconteceu com o marco civil da internet.
De acordo com a Câmara-e.net, já está em andamento o projeto de Lei Projeto de Lei nº 635/2011, de autoria do Senador Walter Pinheiro, que propõe a instituição de um sistema de pagamentos e transferências de valores monetários por meio de dispositivos móveis (STDM). Além disso, foi formado um grupo de trabalho entre Anatel, Ministério das Comunicações e Banco Central do Brasil para definição das diretrizes regulatórias para os serviços de pagamentos via celular.
Fonte: Cardnews 08/08/2012
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