Aportes variam até R$ 1 milhão, e prazos, até cinco anos; é fundamental saber como sair antes de entrar.
O engenheiro eletrônico Cassio Spina, 45 anos, atuou como empreendedor durante 25 anos no mercado de tecnologia da informação, criando três negócios e comprando outros dois. Até que, em 2010, passou a investir em empresas em estágio inicial e com potencial de crescimento, as chamadas startups, como as que liderou anteriormente.
Com experiência no setor e com empreendedorismo, Spina tem o perfil recomendado para quem quer ser um investidor anjo. Isso porque não basta ser um empresário, executivo ou profissional liberal e aplicar o dinheiro no negócio, mas é necessário utilizar a própria experiência. Isso inclui auxílio em negociações estratégicas, na formação da equipe, e ajuda na prospecção de fornecedores e clientes.
O investimento é de médio e longo prazo, em torno de três a cinco anos, tempo de amadurecimento do negócio. Tem baixa liquidez, risco elevado e deve representar uma parte do portfólio do investidor, de 5% a 15% do patrimônio. O retorno é diverso, e pode significar de 10% a 50% do capital da empresa.
Empresas nascentes geralmente requerem investimento entre R$ 200 mil e R$ 1 milhão, que pode ser diluído em um grupo de investidores e representar de R$ 50 a R$ 150 mil por investidor, em média. Dessa forma, é possível montar um portfólio com três a cinco start ups, sempre com o objetivo de diminuir riscos.
O portfólio deve ser montado de forma gradual. Assim, o investidor tem em carteira empresas em fases diferentes, e consegue ter uma visão mais clara do investimento. "Não são todas as empresas que dão certo. Mas a que dá certo pode pagar o investimento em todas as outras. Fazer um portfólio aumenta estas chances", disse Spina. Para a carteira, o retorno médio esperado é de 40% a 50%.
Ser ‘padrinho' do negócio também demanda tempo, e deve ser encarado como uma atividade complementar. É importante, portanto, que cada negócio tenha um líder, que irá realizar o maior aporte e, consequentemente, dedicar mais tempo para acompanhar a empresa.
Nos três últimos anos, a quantidade de investidores, fundos e empreendedores aumentou muito, a uma taxa de 20% ao ano, segundo Rodolfo Zhouri, coordenador da área de acesso ao capital do Instituto Endeavour.
"Há uma série de ondas de start ups.Há mais dinheiro, inclusive do exterior, e vários tipos de negócios, o que torna maior o desafio de achar algo bom", diz.
Ele lembra que o estágio inicial de uma empresa precisa mais de execução do que gestão, e cita como desvantagens a alta tributação, falta de mão de obra qualificada para start ups e de cultura de inovação no país.
Spina fundou a Anjos Brasil como um meio de reunir projetos e investidores. A associação tem grupos regionais, aberto a interessados, e recebe projetos de empreendedores cadastrados em seu site, que são encaminhados a investidores conforme interesse e região. Isso porque o investimento anjo demanda proximidade entre investidor e empresa.
No grupo de 28 investidores da Gavea Angels, por exemplo, são admitidos só investidores do Rio de Janeiro.
Participar de eventos e encontros com empreendedores é importante. "Um terço das propostas surgem em eventos, onde fazemos contatos", conta Antonio Botelho, presidente do conselho diretor da Gavea Angels.
Na hora de escolher associados, o grupo considera se a área de atuação do executivo complementa a expertise do grupo. O foco são investidores qualificados, que invistam de R$ 400 a R$ 600 mil por ano.
O Harvard Business School Alumini Angels é composto por 50 pessoas com experiências variadas, tem parcerias com fundos e organizações de fomento ao empreendedorismo e aplica de R$ 300 a R$ 800 mil.
Magnus Arantes, líder do grupo no Brasil, acredita que a análise de um novo negócio deve abordar a equipe, ideia e seu potencial de execução, potencial de mercado local e mundial, continuidade do negocio e forma de saída do investimento.
"Acredito ser importante visualizar as opções de saída antes mesmo de efetuar o investimento. Às vezes encontrar uma opção de saída pode demorar anos", diz. O grupo tem uma expectativa de retorno de dez vezes o capital investido em um período de cinco anos.
Spina não teve, em seus negócios, aportes de investidores anjos, apenas de fundos em uma fase avançada do negócio. "Na época não existia esta figura no país. Acabei caminhando com minhas próprias pernas, mas isso demandou mais esforço para atingir objetivos". Com a ajuda de um investidor, acredita que o negócio teria crescido mais rápido e evitado erros. Por Marília Almeida
Fonte: brasileconomico 22/08/2012
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