13 julho 2012

Investidor de varejo popular é o novo sócio da gaúcha Grazziotin

Acostumadas a ficar dias sem nenhuma negociação, as ações da Grazziotin chamaram a atenção do mercado ontem, depois que um leilão na bolsa movimentou 9,4% de suas ações ordinárias.

 O negócio, que girou R$ 12,5 milhões, marca a entrada de um sócio estratégico no capital da varejista de Passo Fundo, no Rio Grande do Sul. Quem fez a ponte entre a empresa e o investidor foi a gestora de recursos Fama, que, há cinco anos começou a comprar papéis da Grazziotin na bolsa.

 "Fizemos o investimento e, a cada ano, acreditamos mais na qualidade do negócio. No entanto, diante da liquidez mínima das ações, a Grazziotin está muito mal precificada na bolsa. A entrada de um novo sócio deverá ser um primeiro grande passo para destravar o valor da empresa" afirma Fabio Alperowitch, sócio da Fama que há dois meses faz parte do conselho de administração da Grazziotin. 

Ele não revela o nome do investidor que agora possui perto de 4% do capital total da empresa, mas diz que é alguém experiente no segmento de varejo popular. Nos cálculos da Fama, por conta da falta de liquidez e de atenção do mercado, a Grazziotin está listada hoje com um desconto de 50% em relação a outras varejistas brasileiras - apesar de ter margens maiores do que as concorrentes, perto de 14%. O valor de mercado da companhia é de R$ 308 milhões.

 "Esse investidor vai contribuir para o planejamento estratégico da companhia daqui para a frente e contribuir com a expansão da empresa",diz. O conselheiro afirma que os controladores da Grazziotin receberam bem a chegada do novo sócio. Procurada pelo Valor, a empresa não atendeu a pedido de entrevista.

 Até ontem, a Fama concentrava 18,4% das ações ordinárias e 25,7% das preferenciais, equivalentes a 22,8% do capital total da Grazziotin. Outro acionista relevante é a Credit Suisse Hedging-Griffo (CSHG), com 20,8% do capital (11,8% de ONs e 26,9% de PNS).

 A família fundadora mantém o controle com 62,5% das ordinárias.

 O novo sócio da Grazziotin é cliente da Fama e investia na empresa indiretamente por meio dos fundos da gestora. Na operação de ontem, a Fama transferiu parte de sua posição da empresa via fundos para este investidor, que passou a ter participação direta na companhia, portanto.

 Fundada há 60 anos, a Grazziotin tem hoje 280 lojas concentradas principalmente no Rio Grande do Sul, mas também com unidades em Santa Catarina e no Paraná, aqui em menor quantidade. O modelo da empresa é instalar-se em cidades pequenas, de 10 mil a 100 mil habitantes. Com isso, conta Alperowitch, acaba fugindo da concorrência das principais varejistas do país, que estão em praças maiores.

 Na região Sul do país, há 430 cidade com esse perfil, e a Grazziotin esta em apenas 153. O capex por loja é estimado em R$ 200 mil. A rede opera com quatro bandeiras, a principal delas, a PorMenos, que tem sido seu veículo de expansão e responde por 50% de seu faturamento, que no ano passado, totalizou R$ 380 milhões.

 A PorMenos, com 158 lojas, é voltada às classes C e D e vende itens de moda. A outras redes são Grazziotin, moda e calçados para as classes B e C; Tottal, que vende utensílios domésticos e Franco Giorgi, de moda masculina.

 O tíquete médio da rede é de R$ 62,00 e a empresa possui ainda uma financeira com 400 mil clientes ativos. Alperowitch acredita que o novo sócio vai trazer maior valor ao negócio varejo para que a empresa explore novas oportunidades - a financeira, por exemplo, não oferece outros produtos além do crédito para as compras.

 " A minha contribuição tende a ser mais em aspectos financeiros", diz. A Grazziotin distribuiu ano passado R$ 21 milhões em dividendos. Sem dívidas, possui R$ 65 milhões em caixa, equivalentes a 20% do valor atual da empresa.

 Além disso, possui o Centro Shopping, em Porto Alegre, avaliado em R$ 20 milhões; e uma participação de 50% em na Grato Agropecuária, na Bahia, em terras avaliadas em R$ 90 milhões. Por Ana Paula Ragazzi
 Fonte: Valor Econômico 13/07/2012

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