Após uma forte desaceleração em 2009 por causa da crise, o mercado privado de educação superior deverá crescer entre 3% e 7% nos próximos cinco anos e assistir a várias fusões e aquisições entre as instituições do setor ainda neste ano. Essas são algumas das conclusões do estudo anual da Hoper, consultoria especializada em ensino.
"Nos últimos seis meses, os negócios começaram a migrar para grandes aquisições e 2012 deve fechar com fusões entre os players. Estimamos que os 17 pretensos consolidadores se transformem em 12 grupos, com participação de 50% do mercado até 2015", disse Ryon Braga, fundador e presidente do conselho da Hoper.
Nesse sentido, um exemplo é a Uniasselvi, faculdade catarinense que já se posicionou como compradora e foi adquirida pela Kroton este ano. Outro negócio muito comentado no mercado é a possível fusão entre a paulista Anhanguera e a carioca Estácio. Isso porque haveria uma complementariedade de praças e, segundo fontes do setor, o GP Investimentos tem interesse em se desfazer da Estácio.
A carioca Estácio informou, por meio de comunicado, que as aquisições não são a única alavanca de expansão e que "está atenta às oportunidades do mercado e seguirá fazendo aquisições que façam sentido para a sua operação e estratégia." Já a Anhanguera enviou comunicado informando que "não se manifesta sobre eventuais negociações de venda, fusões e aquisições, anteriormente a comunicação formal ao mercado."
Na última década, o mercado assistiu a entrada de fundos de "private equity" no setor e o fechamento de mais 200 negociações, sendo que a Anhanguera e a Estácio foram responsáveis por boa parte delas. "Tenho alertado aos fundos de 'private equity' que é preciso permanecer pelo menos cinco anos em um negócio de ensino para ter retorno. E muitos desistem quando ficam sabendo disso", afirmou o consultor.
O setor conta com cerca 1 mil instituições de ensino, mas muitas delas têm sérios problemas financeiros que afugentam os potenciais compradores.
A Hoper fez novas projeções para a área de educação. Até o ano passado a expectativa era que o setor crescesse apenas 3%. "Revisamos nossa projeção e agora prevemos um crescimento entre 3% e 7% por causa do Fies. A demanda pelo financiamento estudantil disparou no segundo semestre do ano passado e há expectativa que triplique nos próximos três anos", afirmou Braga.
Entre janeiro e junho deste ano, 208 mil alunos conseguiram o financiamento estudantil do governo. No ano passado inteiro, foram 152 mil contratos fechados, segundo dados do MEC.
A aposta em torno do Fies é grande porque 85% dos jovens de 18 a 24 anos de famílias com renda inferior a três salários mínimos estão fora da faculdade devido à falta de condições financeiras para pagar uma mensalidade. Em São Paulo, o valor mediano das mensalidades é de R$ 508 e na Bahia, R$ 520, por exemplo. Nos últimos anos, os grupos de ensino travaram uma competição acirrada por preço e não devem reduzir ainda mais o valor de suas mensalidades. Em 1996 a mensalidade média no país era R$ 950 e, atualmente, é R$ 537,64.
O setor de ensino superior privado contava em 2011 com 3,9 milhões de alunos em cursos presenciais e 748 mil a distância. Por Beth Koike Valor Econômico
Fonte: Valor Econômico 17/07/2012
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