Segundo levantamento da Dealogic, número de operações é recorde no Brasil, mas valor movimentado nos negócios caiu 8% em relação ao mesmo período do ano passado
A chegada das novas regras para análise de fusões e aquisições pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) acelerou o ritmo das operações no Brasil. No primeiro semestre do ano, foram 459 transações - número recorde para o país, conforme aponta levantamento da Dealogic. O valor dos negócios, contudo, apresentou uma queda de 8% em relação ao mesmo período do ano passado: foram 42,1 bilhões de dólares movimentados neste ano, contra 45,6 bilhões de 2011, quando foram fechados 291 negócios.
Apesar do Brasil responder por 30% da transações registradas na América Latina, essa é a primeira vez desde 2005 que o país não é alvo do principal negócio da região. O posto ficou com o México em função da compra de uma fatia de 65,8% do Grupo Modelo pela cervejaria Anheuser Busch InBev. A transação foi avaliada em 20,1 bilhões de dólares. No Brasil, a operação mais cara foi a aquisição de 59% da Comgás pela Cosan, por 2,8 bilhões de dólares.
Em tempos de crise na Europa, o país também entrou no radar da Espanha, maior compradora em volume de empresas brasileiras, com seis operações registradas no semestre e 3 bilhões de dólares investidos nas companhias. A fatia de 60% da concessionária rodoviária OHL levada pela espanhola Abertis foi o maior negócio no setor de construção já anunciado no Brasil, chegando a 2,5 bilhões de dólares.
Em se tratando de assessoria financeira, o Itaú BBA lidera o ranking de fusões e aquisições no Brasil, com participação em 31 negócios, que somaram 23,1 bilhões de dólares. Quando o critério é o dinheiro embolsado nas transações ao invés do montante pago pelas empresas, o primeiro lugar é do BTG Pactual: os 41 negócios dos quais o banco de investimento participou movimentaram 18,2 bilhões e engordaram seu caixa em 58 milhões de dólares. Apesar de ter assessorado transações mais polpudas, o Itaú BBA recebeu 23 milhões de dólares no mesmo período.
Veja nas fotos ao lado quais foram as maiores fusões e aquisições do semestre segundo ranking da Dealogic:
1. Compra de 59% da Comgás pela Cosan: 2,87 bilhões de dólares (anúncio feito no dia 3 de maio)
2. Compra de 60% da Obrascon Huarte Lain (OHL) pela espanhola Abertis: 2,54 bilhões de dólares (24 de abril)
3. Compra de 19% da EcoRodovias pela Primav Construção: 1,41 bilhão de dólares (21 de junho)
4. Compra de sete transmissoras de energia da Actividades de Construcción y Servicios SA pela State Grid Corporation of China: 942 milhões de dólares (28 de maio)
5. Compra da Yoki pela americana General Mills: 938 milhões de dólares (24 de maio)
6. Compra de 74% da Trip pela Azul: 489 milhões de dólares (28 de maio)
7. Compra da Ypióca pela britânica Diageo: 453 milhões de dólares (28 de maio)
8. Compra de 59% da Aba Porto (Complexo Tecondi) pela EcoRodovias: 423 milhões de dólares (19 de junho)
9. Compra da Ventura Brasil pela BR Properties: 408 milhões de dólares (5 de abril)
10. Compra do banco WestLB do Brasil pelo japonês Mizuho Financial Group: 380 milhões de dólares (20 de junho).
Por Marcela Ayres
Fonte: Exame 10/07/2012
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