Em tempos de crise econômica na Europa, a venda de uma empresa espanhola para um grupo asiático parece um bom negócio. Se a teoria se transformar em realidade, a troca de comando da OHL Meio Ambiente Inima deve cair como uma luva nos planos de negócios da unidade brasileira.
Em operação anunciada em novembro, a OHL vendeu a divisão de meio ambiente à sul-coreana GS Engineering & Construction Corporation pelo valor de € 231 milhões. Passado um período de transição, o negócio será consolidado na quarta-feira, na Espanha.
Até agora, nada mudou na rotina de Paulo Roberto de Oliveira, diretor presidente da OHL Meio Ambiente no Brasil. Com cerca de 25% do faturamento da holding, as operações nacionais são as mais importantes da divisão, superando, inclusive, o peso dos negócios na Espanha.
A empresa também está presente em países como Portugal, Argélia, Estados Unidos, México, Colômbia, Peru e Chile.
A entrada de um grupo como o GS no Brasil, conglomerado com operações em áreas como construção, gás, petróleo, telecomunicações e varejo, marca o retorno de uma companhia estrangeira ao país, após um período de saída de grupos de peso como Suez, Águas de Barcelona e Águas de Portugal.
Apenas a divisão de construção e engenharia da GS, que está comprando a OHL Meio Ambiente, vale US$ 3,385 bilhões, na bolsa sul-coreana. A modesta entrada no Brasil e na América Latina promete trazer mais investimentos. Somente na parte de saneamento, o mercado comenta o interesse do grupo na área de resíduos.
" A OHL segue a mesma na Espanha e a sede da holding permanecerá no país. A parte operacional não será alterada, mas precisaremos adaptar a filosofia de negócios", diz Oliveira.
Após faturar R$ 70 milhões em 2011 no Brasil, a OHL Meio Ambiente pretende elevar o montante para R$ 85 milhões em 2012. Em solo nacional, as operações se restringem ao Estado de São Paulo, situação que está para ser mudada.
"Temos um novo planejamento estratégico elaborado antes mesmo da venda da empresa e que já foi referendado pelo grupo GS", conta o diretor presidente, no grupo desde sua chegada ao Brasil. A OHL entrou no país na área de saneamento em 1999, quando comprou a Ambient, concessionária responsável pelos serviços de tratamento e destino final de esgoto no município de Ribeirão Preto. A holding brasileira foi criada em 2008, quando o contrato de Mogi Mirim foi conquistado.
De lá para cá, a OHL passou a operar em Campos do Jordão e São José dos Campos e deve assinar em breve contrato com a cidade de Sertãozinho. Nos dois primeiros municípios, houve um acordo com a Sabesp para a chamada locação de ativo. A empresa ganhou a licitação para construir o sistema de tratamento de esgoto e vai arrendar o ativo por um prazo determinado para a Sabesp para entregá-lo apenas ao fim do contrato.
Todas as concessões demandam investimentos totais da OHL na casa dos R$ 480 milhões.
De olho nos próximos projetos de companhias estaduais, o diretor presidente da OHL chama atenção para futuras parcerias público-privadas (PPPs) com a Copasa (MG), Cesan (ES), com a própria Sabesp (SP) e com a Casal (AL). De concreto, contudo, a empresa apenas manifestou interesse em projetos da companhia de saneamento Corsan, do Rio Grande do Sul, na área de esgotamento sanitário.
A OHL também está de olho na parte de águas, mas via projetos de dessanilização, área onde a holding espanhola já atua. Com estudos elaborados desde 2011, a empresa está em busca de oportunidades principalmente no Nordeste, em Estados como Alagoas, Ceará e Rio Grande do Norte.
"A tecnologia avançou nos últimos 10 anos. O custo, que chegava a R$ 5 por metro cúbico de área tratada, já se situa entre US$ 0,90 e US$ 1,00 na Espanha e vimos que algumas companhias do Nordeste cobram R$ 3,70 com o tratamento normal de água", diz Oliveira. Os planos devem demorar para sair do papel, mas podem garantir a expansão da OHL no país. Por Beatriz Cutait
Fonte: Valor Econômico 28/05/2012
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