O grupo Randon, fabricante de reboques e semirreboques rodoviários, vagões ferroviários, autopeças e veículos especiais com sede em Caxias do Sul (RS), anuncia amanhã, no Palácio do Piratini, sede do governo gaúcho, um programa de investimentos de R$ 2,5 bilhões em cinco anos a contar de 2012. Do total, R$ 1,1 bilhão serão aplicados no Rio Grande do Sul e o plano inclui expansão das operações atuais e aquisições.
O grupo não antecipou detalhes do pacote, mas as empresas que receberão investimentos são a holding Randon Implementos, a Master (freios), a Jost (sistemas de acoplamento), a Suspensys (suspensões) e a Fras-le (materiais de fricção). A fundição Castertech, inaugurada em 2009, terá a capacidade de produção ampliada de 30 mil para 60 mil toneladas por ano.
Duas empresas adquiridas em 2011 também deverão ser contempladas. Uma delas é a Controil, fabricante de componentes para freios incorporada pela Fras-le em dezembro por R$ 10 milhões mais R$ 49 milhões em dívidas. Outra é a Brantech (antiga Folle), em Chapecó (SC), que foi comprada pela holding e deverá concentrar toda a produção de implementos rodoviários frigorificados do grupo.
A expectativa é que o plano também inclua aquisições de fábricas de reboques e semirreboques na América Latina, em países como México e Colômbia, e na África, para aproveitar redes de assistência técnica já instaladas. Hoje o grupo mantém parcerias com distribuidores na Argélia, Egito e Quênia, que montam os implementos enviados do Brasil e os revendem nos mercados locais, mas as operações não apresentam níveis de rentabilidade considerados satisfatórios.
No segmento de autopeças, a aposta é que a Fras-le, que já tem unidades na Argentina, Estados Unidos e China, faça novas aquisições no exterior. Com 53,1% das ações com direito a voto e 45,2% do capital total da empresa, o grupo Randon poderá fazer uma capitalização e aumentar a participação na controlada para garantir caixa para futuras compras.
Para tocar o projeto, a Randon terá de aumentar o endividamento, porque não há expectativa de emissão de ações. No fim do primeiro trimestre a dívida financeira líquida do grupo somava R$ 562,8 milhões, o equivalente a 1,18 vez o lucro antes dos juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda) acumulado nos 12 meses anteriores, ante R$ 107,3 milhões (0,19 vez o Ebitda) no mesmo período do ano passado.
O aumento da alavancagem deveu-se à elevação dos estoques provocada pela retração do mercado de caminhões e implementos rodoviários e também pelo represamento das vendas gerado pela adaptação das operações a um novo software de gestão (ERP). Mas, para o fim do ano, as projeções são de que a relação dívida líquida/Ebitda caia para cerca de 0,5.
O anúncio do plano quinquenal de investimentos era esperado desde 2010. O grupo receberá benefícios fiscais estaduais, mas a troca dos governos atrasou as negociações. No Rio Grande do Sul, a contrapartida aos incentivos será a geração de empregos e a preferência para aquisição de peças e componentes de fornecedores no Estado, além da prioridade aos bancos locais (Banrisul, Badesul e BRDE) na tomada de linhas de crédito.
O último pacote de investimentos de cinco anos cobriu o período de 2005 a 2009 e chegou a R$ 855 milhões, em valores históricos. Ele incluiu a construção da Castertech, aquisição de uma unidade industrial pela Fras-le nos Estados Unidos, implantação de campo de provas em Farroupilha (RS) e instalação de um centro de pintura de implementos rodoviários em Caxias do Sul.Por Sérgio Ruck Bueno
Fonte: Valor Econômico 16/05/2012
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