Projetos somam US$ 2 bilhões e têm foco em conversão de biomassa de cana
Desde que inciaram, em 2010, uma ruidosa disputa judicial em torno do valor justo das ações que possuem no grupo Odebrecht, afastando-se dos cargos que ocupavam no dia a dia do conglomerado, os irmãos Bernardo Gradin, 47 anos, e Miguel Gradin, 43 anos, decidiram se reinventar empresarialmente. Ontem, Bernardo detalhou uma virada radical para alguém que, há dois anos, era o executivo principal da maior petroquímica do Brasil, a Braskem, fabricante de resinas plásticas. Trata-se de um caminho que foi dos combustíveis fósseis e petroquímicos para os renováveis e a biotecnologia.
A família anunciou a criação da GraalBio, uma holding de quatro empresas voltadas para a produção de etanol a partir da conversão de biomassa de cana de açúcar, num investimento de R$ 2 bilhões.
Destes, R$ 1,5 bilhão serão destinados à construção de cinco usinas de etanol celulósico, de R$ 300 milhões cada, e que deverão ser financiadas pelo BNDES. A primeira usina, com capacidade para produzir 82 milhões de litros de etanol e 280 funcionários, deverá começar a funcionar no fim de 2013 e será construída em Alagoas, onde a produção de cana ainda gera muito bagaço e palha, matérias-primas para a manufatura do biocombustível num primeiro momento.
As outras plantas industriais serão construídas no ritmo de uma por ano nos próximos cinco anos, mas os estados que vão recebê-las ainda não foram definidos. A empresa está montando, com a Unicamp, uma Estação Experimental, também em Alagoas, para o desenvolvimento de uma nova cana de açúcar, conhecida como cana-energia. É um cruzamento de tipos de cana com capim, criando um híbrido com baixo teor de açúcar, alto teor de fibra e elevada produtividade A ideia é tornar a biomassa desta cana mais competitiva do que a cana comum.
- Podemos aumentar em 30% a produção de etanol sem aumentar a área de cultivo e isso é uma boa solução para o déficit anual de um bilhão de barris de etanol que existe hoje no país - diz Gradin. - E acabamos com o dilema entre a segurança alimentar e a segurança energética porque a cana comum continua destinada à produção de açúcar enquanto a biomassa e a cana-energia estarão voltadas para a produção de biocombustível de segunda geração.
Primeira planta de etanol celulósico em Alagoas, a GraalBio se associou à BetaqRenewables e à Chemtex, do grupo italiano Mossi&Ghisolfi, donas de tecnologia da usina de transformação da biomassa.
- É um projeto pioneiro no mundo e por isso decidimos entrar não apenas como fornecedor de energia mas parceiros no desenvolvimento da usina - disse Guido Ghisolfi, presidente da BetaRenewables.
- Ainda estamos discutindo os valores exatos, mas é um projeto pioneiro - disse o presidente do BNDES, Luciano Coutinho.
Os projetos da GraalBio incluem ainda construção de uma planta para desenvolver processos bioquímicos e a implantação de um Centro de Pequisas para desenvolvimento de organismos geneticamente modificados. Por Gilberto Scofield Jr.
Fonte:O Globo 24/05/2012
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