A empresa paulista Foxx Soluções Ambientais está negociando a compra da Haztec,
companhia sediada no Rio de Janeiro e com atuação no tratamento de resíduos,
segundo apurou o Valor. Registrada na Junta Comercial do Estado de São Paulo, a
Foxx foi constituída em 2007 e opera nas áreas de coleta, tratamento e disposição
de resíduos não-perigosos e aluguel de máquinas e equipamentos para construção
sem operador, exceto andaimes.
A companhia pertence aos empresários Milton Pilão Júnior, com experiência na
indústria de máquinas e equipamentos, e Ismar Machado Assaly, antigo dono da
fabricante de pescados enlatados Gomes da Costa.
De acordo com pessoas a par da transação, um fundo americano se juntou à Foxx
para participar da operação de compra. Além de relativamente nova, a companhia
tem pequeno porte e atuação no interior de São Paulo. A Foxx não teria capacidade
para fazer a aquisição sozinha.
A venda da Haztec já era aguardada há tempos, em meio à sua delicada situação
financeira. Após um plano agressivo de aquisições de oito empresas entre 2007 e
2009, a Haztec enfrenta endividamento elevado, caixa reduzido e percentual
representativo de contas em atraso.
O fundador da empresa, Paulo Tumbinambá, sequer tinha mais seu controle, com
apenas 25,2% de participação, via Synthesis. Nas mãos de instituições financeiras,
45,5% da Haztec pertence ao fundo InfraBrasil e 22,4%, ao FIP Caixa Ambiental,
ambos administrados pela Mantiq Investimentos, do Santander. Outros 6,9% são
detidos pelo fundo Bradesco FIP Multisetorial.
Conforme publicado pelo Valor em abril, dados da agência de classificação de risco
Fitch Ratings mostraram que, em 2011, as contas a receber em atraso da Haztec
atingiram 40% e o resultado operacional (Ebitda) ficou negativo em R$ 33 milhões.
Em bases preliminares, a Fitch destacou que o saldo de caixa da companhia ao fim
do ano passado era de apenas R$ 19 milhões, suficiente para cobrir 26% da dívida
de curto prazo.
Em 2010, a Haztec ficou bem perto de fechar um acordo de fusão com a Estre
Ambiental, do empresário Wilson Quintella Filho, que criaria a maior companhia de
engenharia ambiental do país. A negociação, contudo, teve problemas e não se
concretizou.
Em seus melhores momentos, a Haztec chegou, inclusive, a planejar uma oferta
pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês). A visão do mercado é de que a
empresa perdeu o foco ao imprimir um ritmo agressivo de aquisições, não
conseguiu executar os projetos como o previsto e encontrou na venda sua única
saída.
Comenta-se que o maior interesse dos compradores está no investimento da
Haztec em geração de energia a partir da queima de resíduos sólidos, localizado no
Rio de Janeiro. A empresa chegou a captar R$ 245 milhões com debêntures
adquiridas pelo Fundo de Investimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço
(FI-FGTS) em 2011 e, segundo a Fitch Ratings, a maior parte dos recursos seria
usada no projeto. A agência, contudo, afirmou que o aporte foi cancelado por ter se
mostrado pouco atrativo.
Procurada, a Haztec negou a informação de venda, assim como o Bradesco afirmou
que sua participação na empresa permaneceu a mesma. Já o Santander disse, via
assessoria de imprensa, que "não comenta rumores de mercado". A Foxx também
não confirmou a aquisição.
Por Beatriz Cutait e Ivo Ribeiro
Fonte: Valor Econômico 25/05/2012
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