Com dívidas de R$ 67,5 milhões, construtora entrou com processo de recuperação judicial e prepara plano de ação
A Lider garante que todas as obras serão mantidas, pois têm CNPJ e contabilidades próprios
A Construtora Lider não descarta um processo de fusão ou venda dos ativos para quitar o passivo de R$ 67,5 milhões junto a bancos e fornecedores. A afirmação é do advogado José Murilo Procópio de Carvalho, que representa a empresa no processo de recuperação judicial impetrado na segunda-feira. “Nenhuma proposta foi recebida, mas o jogo está aberto”, disse. Além disso, os lançamentos previstos para 2012 foram alterados, segundo o presidente da empresa, Carlos Carneiro Costa, em nota.
A construtora, que teve pedido de recuperação judicial deferido no final da tarde de segunda-feira pelo juiz Sálvio Chaves, titular da 2ª Vara Empresarial de Belo Horizonte, tem 60 dias para apresentar um plano de ação. Até lá, estão suspensas todas as ações e execuções contra a Lider, com exceção das trabalhistas e fiscais. “Não temos dívidas trabalhistas”, garante o advogado.
O maior credor da Lider é a Construtora Liderança, do mesmo grupo, que tem créditos de R$ 28,14 milhões a receber. O restante da dívida é pulverizado entre fornecedores de materiais de construção e instituições financeiras. Somente com o banco Daycoval, o passivo chega a R$ 4,8 milhões. Banco Votorantim, HSBC, Bicbanco e Banco Mercantil completam a lista.
Por nota, a construtora informou que todos os projetos já iniciados serão cumpridos. “Todos os empreendimentos Lider são registrados como SPE (Sociedade com Propósitos Específicos), com CNPJ próprio, uma garantia jurídica de que os recursos financeiros desse empreendimento serão usados exclusivamente para a viabilização do mesmo”, diz o texto. Embora a Lider afirme que os empreendimentos não serão afetados, o consultor em desenvolvimento hoteleiro Maarten Van Sluys comenta que o pedido de recuperação judicial pode mudar os rumos da companhia na área hoteleira.
A construtora é responsável pelo Ramada Minascasa Hotel, localizado no bairro Ipiranga, região Nordeste de Belo Horizonte. A obra está em fase de fundação.
“O investidor mineiro é desconfiado e deve se desviar dos negócios da Lider”, comentou. De acordo com ele, os investidores reduziram o apetite pelas unidades da construtora no último mês, informação não confirmada pela companhia. Para o futuro, a expectativa de Van Sluys é de que haja nova redução na comercialização de unidades.
Para a presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis em Minas Gerais (ABIH-MG), Rafaela Fagundes, a forte redução no ritmo de vendas dos quartos de hotéis não é exclusividade do Ramada. “Houve queda no ritmo em todos os empreendimentos”, comenta. O motivo, segundo ela, seria a desaceleração do setor imobiliário.
Na avaliação do presidente da Câmara do Mercado Imobiliário e Sindicato das Empresas do Mercado Imobiliário em Minas Gerais (CMI/Secovi-MG), Ariano Cavalcanti de Paula, a situação vivenciada pela Lider é pontual. “O setor atravessa um momento de acomodação, mas não há sinal de bolha”, diz. O presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil em Minas Gerais (Sinduscon-MG), Luiz Fernando Pires, concorda. “O ritmo está menos acelerado, não há previsão de queda. O momento, no entanto, é de reestruturação do setor”, comenta. A principal mudança, segundo ele, será no ritmo do fluxo de caixa. Por Tatiana Moraes -
Fonte:R7 17/04/2012
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