O nome do empresário Aleksandar Mandic está intimamente ligado ao desenvolvimento da internet no Brasil. Nos anos 90 foi o criador do serviço de mensagens (BBS, na sigla em inglês) que levava seu sobrenome e anos mais tarde participou da fundação do portal iG. Na última década, vinha tocando a Mandic Mail, provedora de e-mails para empresas.
Agora, Mandic quer mais uma vez colocar seu nome na história da rede no país. O alvo é um dos assuntos mais badalados do mundo da tecnologia da informação (TI) no momento: a oferta de serviços na modalidade de computação em nuvem, na qual os sistemas não ficam instalados no computador do usuário e são acessados por meio da internet.
O passo será dado com a aquisição da Tecla Internet, empresa de serviços de centros de dados que pertencia à Alog. A operação, que não teve o valor revelado, envolveu também o fundo de investimento Riverwood Capital. A companhia, que no ano passado participou da aquisição da Alog pela americana Equinix, comprou o controle da Mandic com a injeção de R$ 100 milhões na companhia.
Com a operação, Aleksandar Mandic, que sempre exibiu em seu cartão de visitas o cargo de "dono", passará a ser sócio da companhia junto à Riverwood, a Sidney Breyer (fundador da Alog) e a outros executivos das empresas envolvidas. Mas o empresário não pretende abrir mão do título "dono". "É importante que os clientes tenham essa identificação com alguém que possam entrar em contato", diz ao Valor. Ele também permanece no conselho da Mandic.
A negociação entre a Riverwood e a Mandic começou em novembro do ano passado. Mesmo com uma operação completamente isolada da Alog, a oferta de serviços da Tecla já não fazia tanto sentido para a companhia, voltada à venda de infraestrutura para computação em nuvem. Segundo Francisco Alvarez-Demalde, sócio-fundador da Riverwood, foram analisadas diversas propostas antes do negócio ser fechado com a Mandic. "Temos um plano agressivo e muitas coisas novas para oferecer", afirma ao Valor. Para o empresário, ter sócios depois de tanto tampo como dono não será um problema. "Isso tira de você algumas responsabilidades", diz.
Ao absorver a Tecla, a Mandic passa a ter 120 funcionários - o dobro da estrutura atual -, operações no Rio e em São Paulo e uma carteira com 19 mil clientes. Aos seus serviços de e-mail serão adicionadas ofertas como hospedagem de sites, serviços de backup de dados e venda de capacidade de processamento. De acordo com Antônio Carlos Pina, executivo da Tecla que assumirá o cargo de diretor de tecnologia da Mandic, os alvos da companhia serão principalmente as pequenas e médias empresas. "Mas podemos atender grandes clientes", completa.
Em três anos, o faturamento da nova Mandic pode chegar a R$ 100 milhões, três vezes mais que o resultado somado das operações hoje, diz Lucio Boracchini, diretor comercial da Mandic.
A computação em nuvem tem provocado intensas movimentações no mercado de centros de dados no Brasil. Nos últimos dois anos, foram anunciadas diversas transações de fusão e aquisição, e investimentos para a instalação e ampliação de infraestruturas para a prestação desse tipo de serviço.
A estimativa da empresa de pesquisa Frost & Sullivan é de que o mercado brasileiro de serviços de centros de dados tenha apresentado um crescimento de 13% em 2011, chegando a um faturamento de US$ 1,4 bilhão. Até 2016, a expectativa é de que o valor chegue a US$ 2,2 bilhões.
Segundo levantamento feito em sete países pela IntraLinks, empresa que oferece sistemas acessados pela internet, o Brasil é a região que apresenta a maior intenção de adoção de sistemas de computação em nuvem: 47% dos profissionais entrevistados disseram que pretendem fazer essa migração. Nos EUA, o índice é de 18,5%. No Reino Unido, 17,1%. A pesquisa ouviu mais de mil profissionais, sendo 127 no Brasil.
O mercado internacional também está no foco da companhia. De acordo com Mandic, a expansão para outros países está prevista para a partir de 2013, aproveitando a estrutura que a Riverwood tem na América Latina. Entre as empresas nas quais tem investimento na região está a chilena Synapsis, especializada na terceirização de serviços de TI. Na semana passada, a companhia comprou a operação da UOL Diveo na Colômbia. Com isso, chegou a mil funcionários em toda a região. Segundo Demalde, o investimento não cria sobreposições, ou competição entre as companhias. "São focos diferentes", diz. Por Gustavo Brigatto
Fonte:Valor27/03/2012
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Fundo Riverwood, dona da Mandic, compra Tecla Internet
A consolidação do mercado de provedores de computação na nuvem segue no Brasil. O fundo Riverwood, que fez um aporte de R$ 100 milhões na empresa brasileira Mandic, anunciou nesta terça-feira, 27/03, a compra do controle da Tecla Internet, pertencente à Alog, comprada, em fevereiro do ano passado pelo grupo norte-americano, Equinix, por US$ 127 milhões.
Os acionistas da nova empresa, que incorporará a marca MANDIC, são: Riverwood Capital, com participação majoritária, Aleksandar Mandic, fundador da MANDIC, e Sidney Breyer, fundador e acionista da ALOG Datacenters do Brasil. De acordo com comunicado oficial das companhias, as empresas têm interesses complementares: A Mandic, com especialização em em serviços de comunicação (email) e colaboração, e a Tecla Internet, especializada em serviços de infraestrutura cloud (servidores Cloud).
No informe, as empresas afiram ainda que a Mandic tem como "objetivo adquirir a liderança em Serviços SaaS (Software como Serviço) e IaaS (infraestrutura como serviço) para o mercado corporativo de pequenas e médias empresas no Brasil". A aposta no mercado de SaaS é respaldada pelos números de mercado.
Segundo dados revelados pela IDC, as ofertas em SaaS, grande foco da Tecla, agora, incorporada pelo Riverwood, são vistas como o carro-chefe dos investimentos em computação na nuvem no Brasil e deverá contar com soluções mais complexas e inteligentes como ERP, CRM e BI, deve dobrar suas receitas este ano. Por Ana Paula Lobo
Fonte:ConvergênciaDigital27/03/2012
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