20 março 2012

Kepler Weber ensaia internacionalização

O diretor-presidente da Kepler Weber, Anastácio Fernandes Filho, disse ontem que a fabricante de silos e equipamentos de armazenagem de grãos já tem "alvos mais claros" e "mais próximos" para a aquisição de uma unidade industrial no exterior.

Os estudos para a internacionalização da empresa, que tem fábricas em Panambi (RS) e Campo Grande (MS), foram anunciados em novembro de 2010 e têm foco na Europa e nos Estados Unidos. Fazem parte de uma estratégia para contornar a sazonalidade dos negócios em função do período inverso da safra agrícola nos hemisférios norte e sul.

O executivo não revelou quais "alvos" estão na mira, mas disse que a empresa está diante de uma janela de oportunidade em função da redução dos preços dos ativos no exterior. Segundo ele, a Kepler está pronta para exercer o papel de "consolidadora" do setor e a diretoria já fez "boas discussões" com os acionistas a respeito do assunto (os principais são o fundo de previdência Previ e o BB Banco de Investimentos).

Além do momento favorável para aquisições no exterior devido à crise na Europa e à lenta recuperação da economia americana, a Kepler está aumentando o poder de fogo com a redução do endividamento líquido, que no ano passado caiu 12,4%, para R$ 42,4 milhões, o equivalente a 0,8 vez o lucro antes dos juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda). Segundo o presidente, a situação permite à companhia investir em modernização, incluindo um novo centro de pesquisa e desenvolvimento que receberá R$ 18 milhões nos próximos cinco anos, e em crescimento orgânico e "não orgânico".

Em 2011 a Kepler apurou receita líquida consolidada de R$ 422,1 milhões, com alta de 15,2% sobre o ano anterior. A margem bruta recuou de 22% para 20,3% devido ao perfil das vendas, mais concentrado em silos do que em máquinas e equipamentos, e à pressão pela redução de preços no mercado interno provocada pelo aumento da concorrência de pequenos fabricantes. Mesmo assim, a empresa chegou a abrir mão de alguns pedidos para não perder margens, o que reduziu sua participação de mercado de 59% para 52%.

A redução das margens também afetou o Ebitda acumulado do ano, que recuou 1,7%, para R$ 52,4 milhões, mas o aumento do volume de vendas e a redução em 11% nas despesas financeiras líquidas (para R$ 9,9 milhões) contribuíram para a alta de 11,2% no lucro líquido, para R$ 28,3 milhões. No quarto trimestre, a receita líquida cresceu 25% em comparação com o mesmo período do ano anterior, para R$ 149,7 milhões, devido à liberação de pedidos que ficaram "represados" ao longo do ano, explicou o diretor-presidente.

O aumento do volume de produção no fim de ano, porém, aumentou os custos com itens como mão de obra e logística. Isso reduziu em três pontos percentuais a margem Ebitda em relação ao quarto trimestre de 2010, para 15%, e em 1,9% o lucro líquido, que fechou em R$ 17 milhões. Mas os estoques encerram o ano 24% maiores do que no fim do ano anterior, para R$ 74,4 milhões. Por Sérgio Ruck Bueno
Fonte:ValorEconômico16/03/2012

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