20 março 2012

Estatal assumirá outra térmica do grupo do Bertin

O foco da nova presidente da Petrobras, Graça Foster, é aumentar a produção de petróleo da companhia, mas a estatal fará investimentos na geração de energia elétrica este ano em casos específicos, quando o acordo de acionistas prever a diluição dos sócios que não acompanharem os aportes de capital nos investimentos. Graça Foster antecipou ao Valor que em breve deve assumir a termelétrica Suape II, em Pernambuco. A usina, em fase final de construção, será movida a óleo, terá potência de 360 megawatts (MW) e totalizava, até dezembro de 2011, investimentos de R$ 593,674 milhões.

Atualmente, a Petrobras tem 20% em sociedade com a Energética Suape II, da qual a Nova Cibe Energia (controlada com 51% pelo grupo Bertin e com 49% pelo FI-FGTS), tem 80%. Mas está em andamento uma arbitragem que deve aumentar a participação da estatal para 58,7%. Graça explicou que esse também foi o contexto do aumento da participação na Arembepe Energia, do grupo Bertin. E segundo a executiva, os investimentos já feitos pela Petrobras na térmica Suape II tornaram a companhia majoritária.

"Existe a interpretação, que até motivou a contratação de advogados pelo Bertin, que não considera que aquela diluição era devida naquele momento. Mas foi feita e, enfim, é inexorável. Já está pago, já está lá posto o dinheiro, é uma questão de tempo. Estão perdendo também a participação para nós", disse Graça.

Graça Foster frisou que a Petrobras não procura aquisições em nenhuma área. "Hoje em dia a prioridade é a exploração e produção [de petróleo e gás]. Nenhuma térmica a gás, nenhum projeto de qualquer coisa que não esteja no plano de negócios entra, de forma alguma. Nem [da área] de gás e energia e nem de área nenhuma."

Mas ela explicou que a Petrobras só vai investir para assumir o controle de empreendimentos que tragam valor para a companhia. "Se estiver em um negócio em que você coloca R$ 50 milhões para fazer R$ 100 milhões no VPL [Valor Presente Líquido], não posso não fazer. Sou quase obrigada [a fazer]. Porque se eu não fizer eu tenho de me explicar. Somos sócios, você não aporta, eu aporto, e, se eu aportar R$ 50 milhões, faço um resultado final de um negócio que está pronto de mais R$ 100 milhões. Não tem como não fazer", explicou

É o caso da Arembepe, no polo petroquímico de Camaçari (BA), que custou R$ 361,546 milhões. A Petrobras tinha participação inicial de 30% e a usina era controlada pela Nova Cibe Energia. Nessa usina, em operação desde março de 2010, a estatal aumentou sua participação para 99,99%.

Na térmica Suape II a Petrobras já fez seis aportes somando R$ 28 milhões. A presidente da estatal não detalha que outros empreendimentos se encontram no mesmo estágio de investimentos. Mas esclareceu que não vai comprar todas as térmicas em construção que estiverem nessa situação.

"Só naquelas em que o acordo de acionistas já foi escrito e homologado três anos atrás, onde já se construiu a térmica, ou se está em processo de finalização, aportando dinheiro conforme o cronograma do negócio. Ou se, por exemplo, se tiver uma dívida mais cara e quisermos trocar para uma dívida mais barata e de mais longo prazo", explicou, acrescentando que não existe nenhuma térmica a gás nessa situação. Ela também deixou claro que não há nenhum plano de comprar a problemática térmica José de Alencar, da Bertin, na Bahia. "Aquela térmica está lá, o contrato caiu, ele tem uma dívida conosco de R$ 200 milhões, além dos encargos de opção", disse, deixando claro em seguida qual será o foco da Petrobras em 2012.

Sobre a oferta de gás para geração térmica, Graça Foster disse que só será possível com um quarto terminal de Gás Natural Liquefeito (GNL). "Em 2012 ainda não posso entrar em leilão porque, assim como foi antes, quando se faz a contabilização da oferta e da demanda se vê que é preciso o quarto terminal de GNL", explicou.

A Petrobras planeja construir terminal com capacidade de regaseificar 14 milhões de metros cúbicos de gás por dia e o projeto de Barra do Riacho, no Espírito Santo, é o que está mais avançado. Mas a companhia só espera concluir o processo de licenciamento ambiental em novembro. "Estamos tirando quatro licenças prévias. Se o leilão for em dezembro e eu tiver a LP na mão em novembro eu consigo entrar", explicou a executiva.

Segundo diz, o preço desse gás para oferta em leilão de térmica seria "firme" e não os praticados no mercado "spot", onde a Petrobras adquire esse gás. Isso significa que a estatal fará um mix de preços do gás vendido no país considerando as diversas fontes - produção própria em terra, mar e importação, inclusive da Bolívia - para oferecer o insumo a um preço fixo.

A questão é relevante ao se considerar os altos preços do GNL no mercado internacional, pressionados por demanda do Japão para substituir a geração nuclear por térmicas. "O preço [do gás no leilão] não seria spot, mas sim firme. Hoje em dia é impossível o gás competir com a eólica." Por Cláudia Schüffner
Fonte:ValorEconômico20/03/2012

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