A CPFL Renováveis, subsidiária do grupo CPFL, fechou ontem a compra de quatro parques eólicos no Ceará por R$ 1,062 bilhão. As unidades, que já estão em operação, pertenciam à empresa Bons Ventos Geradora de Energia, controlada pelo fundo de investimento Brasil Energia, do BTG Pactual, e pela Servtec Investimentos, que detinham 75% de participação na companhia.
Juntos, os quatro parques têm capacidade instalada de 157,5 megawatts (MW) e fazem parte do Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa), lançado pelo governo federal no início da década passada. A energia produzida pelas centrais eólicas está garantida em contratos de 20 anos com a estatal Eletrobrás, que paga em média R$ 284 o MWh - mais que o dobro do preço conseguido nos últimos leilões promovidos pelo governo.
O negócio ainda depende de autorizações da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e das instituições financiadoras, como Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Banco do Nordeste e Nordic Investiment Bank. Do valor total da transação, R$ 462 milhões referem-se a dívidas relacionadas a empréstimos concedidos pelas instituições. O restante - R$ 600 milhões - será pago à vista aos investidores, explicou o diretor-presidente da CPFL Renováveis, Miguel Saad.
Segundo ele, as negociações começaram em agosto, mas a proposta definitiva só foi apresentada em dezembro, após os levantamentos de ativos e das áreas fiscal e contábil. 'Essa aquisição coloca a CPFL na vanguarda do setor no Brasil', diz.
O apetite da empresa, que surgiu a partir da fusão com a ERSA Energias Renováveis, tem sido voraz nos últimos tempos. Há pouco mais de um mês, o grupo já havia anunciado a compra de outros quatro parques eólicos, de 120 MW, no Rio Grande do Sul. Os projetos ainda estão em construção e devem começar a operar no próximo ano.
O valor da transação, feita com a espanhola Cobra Instalaciones y Servicios, não foi anunciado na ocasião. Mas o preço da energia contratada, por 35 anos, era bem mais baixo que o da atual compra: R$ 143,79 o MWh. Antes disso, a CPFL comprou, em abril do ano passado, outros parques eólicos da SIIF Énergies, por R$ 1,49 bilhão.
Com a aquisição de ontem, a CPFL Renováveis eleva a capacidade instalada em operação para 810 MW. Só de energia eólica, são oito parques (todos no Ceará), com potência de 368 MW. Mas o portfólio da empresa conta com outros 885 MW em construção, sendo 670 MW de energia eólica. Todos estarão prontos até 2014, quando a empresa terá 1.038 MW de capacidade instalada, destaca Saad.
Em carteira. Além disso, observa o executivo, a empresa detém uma carteira de projetos de 2.744 MW em diferentes estágios. São pequenas centrais hidrelétricas (PCHs), usinas de biomassa e unidades eólicas.
No caso das PCHs, há vários projetos em fase de inventário dos rios. Outros estão em elaboração de projeto básico ou licenciamento ambiental. Nas usinas eólicas, os projetos estão na fase de medição dos ventos. Já os empreendimentos ligados a biomassa dependem de negociação com os usineiros, diz Saad.
Sem contar a compra da Bons Ventos, o faturamento da CPFL Renováveis está na casa dos R$ 600 milhões. 'Mas, com a entrada em operação de novas unidades, a expectativa é que a empresa dobre de tamanho em dois anos', calcula o presidente da companhia.
A CPFL Renováveis é uma das maiores empresas do setor, mas tem alguns concorrentes de peso. Uma delas é a carioca Light, que tem parceria com a Renova, cuja capacidade instalada deve atingir 1.111 MW em 2016. 'Nosso diferencial é que somos fortes nas três fontes de energia: PCH, biomassa e eólica', diz Saad. Por RENÉE PEREIRA, Fonte:estadao25/2/2012
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