Vice-presidente afirma, porém, que varejista não vai rasgar dinheiro. Preços das empresas familiares estão inflacionados no País
Com R$ 5 bilhões em caixa, o Grupo Pão de Açúcar poderia, se quisesse, fazer aquisições e expandir-se, por exemplo, em mercados onde sua presença é mais tímida, como nas regiões Norte e Nordeste. Dinheiro não seria um problema. O que impede de fato a companhia de ir às compras são os altos preços pedidos pelos controladores das empresas familiares brasileiras.
Em entrevista ao iG, o vice-presidente de relações corporativas do Pão de Açúcar, Hugo Bethlem, deixa claro: a companhia, a maior varejista do País, tem interesse em aquisições, mas não vai rasgar dinheiro.
O ano de 2011 já passou em branco para o grupo, que controla as redes Extra, Pão de Açúcar, Casas Bahia e Ponto Frio - as duas últimas foram fundidas em 2010, em uma das maiores operações do setor já realizadas no País.
“Isso não quer dizer que as pessoas do nosso departamento de fusões e aquisições não estejam trabalhando. Pelo contrário, essa é uma área bastante ativa na companhia. Mas, nesse setor, às vezes trabalha-se muito para se chegar a uma conclusão contrária à aquisição”, afirma Hugo Bethlem, vice-presidente de relações corporativas do Grupo Pão de Açúcar. Do ponto de vista estratégico, decidir por não comprar é igualmente importante, explica.
Segundo ele, os preços pedidos pelos controladores das empresas familiares brasileiras estão "inflacionado", o que inibe negócios.
Em diversos setores da economia, especialmente aqueles relacionados ao mercado interno, o forte interesse por aquisições no Brasil por parte de grupos estrangeiros elevou às alturas o valor das empresas nacionais. Um exemplo foi a aquisição da Schincariol pela Kirin, que pagou R$ 6 bilhões em dinheiro pela cervejaria brasileira no ano passado, preço considerado surpreendente.
No varejo, um comprador que estaria inflacionando os preços é o grupo chileno Cencosud, diz uma fonte. A varejista, que já havia adquirido as redes GBarbosa, no Nordeste, e Bretas, em Minas Gerais, comprou recentemente a rede de supermercados Prezunic, no Rio de Janeiro.
Nos bastidores, circulam rumores não confirmados de que o Cencosud teria desembolsado um preço equivalente a 18 vezes a geração anual de caixa do Prezunic, se medida pela Ebitda (sigla em inglês para o lucro antes de pagamento de juros e impostos e das despesas com amortização e depreciação).
Bethlem afirmou que o Pão de Açúcar não chegou a disputar a aquisição da rede carioca com os chilenos. Mas, segundo ele, uma empresa que custasse mais que 8 ou 9 vezes o Ebitda anual seria uma aquisição questionável. Isso porque o próprio valor de mercado do Grupo Pão de Açúcar gira em torno desse patamar.
O Rio de Janeiro também não é uma praça onde a companhia esteja buscando aquisições. “No Rio, já possuímos a liderança absoluta de mercado. Não seria o caso de crescer por aquisições”, diz Bethlem. Em locais em que a empresa já está consolidada, é mais lucrativo abrir lojas aos poucos que adquirir várias delas de uma só vez.
O executivo não nega que a aquisição de redes locais seria uma boa alternativa para praças como Manaus (AM). Mas ele nega os rumores de que o Pão de Açúcar esteja conversando com o DB, cadeia de 20 lojas (11 supermercados e nove hipermercados) em Manaus e Boa Vista (RR). “Não há nenhuma negociação”, disse Bethlem. Claudia Facchini,
Fonte:iG27/02/2012
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