Em menos de dois anos, o grupo canadense Magna International, quinto maior do mundo no setor de autopeças, agregou 10 novas fábricas à sua operação brasileira que, até então, tinha uma única unidade fabril.
A maior parte foi por meio da aquisição de outras empresas, uma delas a ThyssenKrupp Automotive System, anunciada há duas semanas. Outras unidades foram construídas, das quais duas serão inauguradas em 2012.
O recém-formado conglomerado deve proporcionar faturamento anual de US$ 1 bilhão até 2014, oito vezes mais que os US$ 120 milhões registrados em 2009, o que o colocará também entre os cinco maiores fabricantes de componentes automotivos do País.
A ocupação em território nacional não para por ai. A companhia está de olho no segmento de componentes interiores e exteriores, como painel e para-choque. 'Não está decidido ainda, mas certamente estamos avaliando oportunidades', diz o presidente da Magna para a China, Índia, América do Sul e África, Herbert Demel.
O grupo já tem presença no Brasil em três dos seis setores em que atua no mundo, com mais de 300 fábricas. Produz assentos na divisão Seating, fechaduras, maçanetas e espelhos retrovisores na Closures e estamparia de carrocerias e chassis na divisão Cosma, reforçada com a aquisição das quatro fábricas da Thyssen. Também tem um centro de desenvolvimento local e quatro unidades na Argentina.
O Brasil - junto com China e Índia - passou a ser foco da Magna após tentativas frustradas em adquirir uma fabricante de automóveis, sonho do fundador da empresa, Frank Stronach. A última foi a Opel, braço europeu da General Motors, em 2009. Na véspera de o negócio ser fechado, a GM desistiu da venda.
A Magna então alterou seu foco e decidiu concentrar esforços na ampliação dos negócios que já domina. Os mercados emergentes foram eleitos prioritários na nova estratégia, em parte pelo crescimento econômico que apresenta e em parte pelo fraco desempenho da Europa e Estados Unidos, onde o grupo tem forte atuação.
Como resultado dessa decisão, nos últimos dois anos Demel tem visitado a China uma vez ao mês e o Brasil e a Índia a cada dois meses, em média. 'Tenho passado 50% do meu tempo em viagens e tento ficar 50% na Alemanha, onde vivo. Minha esposa, porém, diz que fico lá só 40% do tempo', diz um bem-humorado Demel.
Em passagem de cinco dias pelo Brasil encerrada ontem, o engenheiro que presidiu a Volkswagen do Brasil entre 1997 e 2002 mostra os resultados da peregrinação. Em 2009, apenas 2% do faturamento do grupo, na época de US$ 24 bilhões, vinha de negócios de fora da Europa e Nafta (Estados Unidos, Canadá e México). Até 2014, essa participação deve atingir de 10% a 12% e grande parcela virá dos emergentes.
Sobre o rápido crescimento no Brasil, que exigiu investimentos não revelados, Demel justifica apenas que 'quem começa mais tarde tem de trabalhar em alta velocidade'. Segundo ele, com a elevada competitividade existente no mercado automotivo, 'ou você já começa grande ou não começa'.
Agressivos. Estratégia similar está sendo adotada nos outros emergentes, embora em ritmos diferentes. Na China, onde o grupo tem 18 fábricas, cinco foram abertas este ano com parceiros locais. Na Índia, foram três unidades em 2011, de um total de oito. 'Fomos mais agressivos no Brasil, em números de fábricas e em faturamento', constata.
O executivo prevê a continuidade do crescimento das vendas de veículos no País em 2012. Mesmo que seja inferior ao deste ano, e fique na casa dos 3,5%, 'ainda assim estará muito bom', diz ele, ao lembrar do período em que comandou a Volkswagen brasileira, 'quando tivemos duas quedas seguidas de 20%'. Por Cleide Silva
Fonte:OEstadodeSPaulo23/12/2011
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