O setor siderúrgico brasileiro está trabalhando a um nível de capacidade ociosa na faixa de 25% a 30%, segundo Marco Polo Melo Lopes, presidente executivo do Instituto Aço Brasil (IABr). As usinas de aços planos, como a Usiminas e a ArcelorMittal, operam hoje a um nível de 70% da capacidade total de produção, como admitiram seus presidentes Wilson Brumer e Benjamin Baptista, no 52º Congresso da Associação Latino Americana de Aço, ocorrido esta semana.
A ociosidade é menor no setor de aços longos, onde está a Gerdau, segundo o analista Rafael Weber, da Geração Futuro. Ele estima que a empresa opere entre 85% e 90% de sua capacidade no Brasil, caindo para 70% nos Estados Unidos. Mas o diretor-superintendente da Votorantim Siderurgia, Albano Chagas Vieira, disse que a companhia trabalha hoje com ociosidade nas usinas brasileiras de 40% em média.
O nível de ociosidade da siderurgia brasileira em 2011 é recorde na história do aço nacional. A capacidade plena de produção do parque siderúrgico brasileiro é hoje de 47 milhões de toneladas. A última projeção do Instituto Aço Brasil (IABr) para 2011 é de uma produção revista de 36 milhões de toneladas, ante uma expectativa inicial de 39 milhões de toneladas. A revisão foi feita em outubro, mas Melo Lopes informa que prepara nova revisão para baixo em breve.
Brumer, da Usiminas, disse que a companhia está operando com 70% de sua capacidade de produção, ou seja, 30% de ociosidade. Para ele, por ser um setor de capital intensivo, uma siderúrgica deve operar com 90% de sua capacidade para não ter prejuízo e não correr riscos.
O fenômeno parece, porém, ser universal nesse ciclo ruim que atravessa o setor. A siderurgia mundial, abalada com um excedente de oferta no mercado global de 500 milhões de toneladas, está trabalhando na média com 30% de capacidade ociosa. A China continua a exceção, trabalhando com 90%. A Europa e os Estados Unidos estão na faixa dos 70%.
Benjamin Baptista, presidente da ArcelorMittal no Brasil, prevê que a empresa vá produzir este ano 5,4 milhões de toneladas de aço, ante uma capacidade plena de 7,2 milhões de toneladas. Ele atribuiu o fato à crise internacional e acredita que o Brasil não passará incólume por ela.
Por isso, a subsidiária brasileira da maior siderúrgica do mundo, decidiu adiar também investimentos no Brasil, além de fechar alto fornos para reduzir a produção na Europa. Ele informou que postergou, por um ano, a expansão da fábrica de longos de João Monlevade e da nova linha de galvanização da Vega, em Santa Catarina. "Vamos aguardar recuperação do mercado para retomar os projetos." (VSD com colaboração de Sérgio Bueno, de Porto Alegre)
Fonte:Valoreconômico18/11/2011
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