Este é o melhor momento para comprar empresas estrangeiras
Uma maneira de expandir os negócios e obter maior visibilidade no exterior é comprar empresas estrangeiras. O economista Marcelo Sorge conta que as empresas brasileiras têm ampliado o número de transações de compra de companhias no exterior a cada ano. “O Brasil está se internacionalizando muito rapidamente. Em 2005, foram 24 aquisições, esse número teve um salto astronômico em 2006, com a compra de 47 empresas estrangeiras, e aumentou ainda mais em 2007, chegando a 66”, diz.
E a tendência é continuar a aumentar. Segundo Ramiro Gonçalez, professor de inteligência de mercado da Fundação Instituto de Administração da Universidade de São Paulo (FIA/USP) e da Universidade Federal do Paraná, o País nunca teve uma oportunidade tão grande de investir no exterior. “O câmbio é um fator favorável, as empresas estrangeiras nunca estiveram tão baratas, assim como os custos operacionais. Compra-se barato com custo barato.
O preço está baixo por conta da pouca receita e pouca demanda. Existem riscos, mas o brasileiro está acostumado com crises e aprendeu a lidar com eles”, afirma.
Diferencial brasileiro
Além de ter a oportunidade nas mãos, o brasileiro tem o perfil de administrador, principalmente em tempos de crise, aponta Gonçalez. De acordo com ele, europeus e americanos não estão acostumados a lidar com tamanho risco. “O mundo está atrativo para investidores brasileiros, que sabem administrar empresas em crise ou com flutuações de demanda”, conta.
Porém, esse tipo de compra ainda não é tão comum como poderia ser. Gonçalez explica que as empresas brasileiras ainda não têm a visão de alcançar o mercado externo, por conta do tamanho do mercado interno. “É recomendável levar os setores saturados para o exterior. Entretanto, é difícil encontrar um setor saturado no Brasil, por conta do nosso crescimento e da ascensão da classe C”, diz.
Segundo o professor, o Brasil deve investir na expansão internacional de editoras, agências de publicidade e setores que vendem criatividade. “Essa é a especialidade do Brasil e existe lá fora uma janela de oportunidades muito grande. O Brasil exporta produtos, mas não tem marca, que é mais sofisticada que produto. É preciso criar uma marca mundial. Este é o momento para o País mostrar que pode ser player global”, afirma.
Para comprar
A empresa que busca fazer aquisição no exterior, geralmente está em expansão e não vislumbra mais um crescimento interno. “Por conta disso, busca um parceiro estratégico no exterior, uma empresa da qual tenha participação ou controle”, conta Marcelo Lico, sócio-diretor da Macro Auditoria e Consultoria.
Os investimentos externos brasileiros estão aproveitando as oportunidades de mercado. “Muitas empresas brasileiras atuam fortemente no exterior. A área de construção civil, por exemplo, há muitos anos vem fazendo aquisições de empresas estrangeiras e cuidam de grandes projetos no Oriente Médio e na África. Na aviação, temos a Embraer, com fábrica na China. No ramo de alimentos, existe a JBS, uma empresa que tem uma receita enorme oriunda do exterior. Ela fez aquisição de empresas americanas, italianas e outras”, exemplifica Lico.
Empresas interessadas em efetuar a compra de companhias estrangeiras devem ficar atentas às burocracias locais.
“Os trâmites variam de país para país. Na maioria dos países da Europa, é complicado, tem muita burocracia. Mas não é regra. Na Inglaterra, por exemplo, é muito simples. Nos Estados Unidos também. Lá, eles têm até incentivo”, conta Gonçalez. A Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos, inclusive, dá auxílio e explica os processos. “Eles têm muito interesse porque estão em crise, querem que invistam no país”, diz Gonçalez. Lico vai além e indica setores estratégicos para novos negócios. “Eu apostaria nos setores de pesquisa e tecnologia”, recomenda.
Investimento no Brasil
Sorge conta que para cada negócio que um emergente faz em um país desenvolvido, estes fazem quatro. “As empresas de países desenvolvidos têm uma visão muito mais globalizada de mercado, não têm tanto medo e têm dinheiro para investir em países em desenvolvimento”, diz.
O Brasil não fica de fora. Segundo Gonçalez, existe uma chuva de empresas estrangeiras interessada no País e nos Brics agora. “Mas a Rússia, por exemplo, tem problemas internos de regras jurídicas; a Índia tem 400 milhões de pessoas que não existem do ponto de vista legal e a China funciona com um falso capitalismo.
Neste cenário, o Brasil é o paraíso. Encontra-se por aqui potencial, lucratividade e sistema de direito razoavelmente estável. Sem contar que o Brasil está crescendo e vai crescer ainda mais. É interessante virar sócio de uma empresa nessas condições”, afirma. Ógui Especial para o Terra
Fonte:terra01/11/2011
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