A companhia italiana, dona da marca Ray-Ban e maior fabricante mundial de óculos, começará a produzir no Brasil
O grupo italiano Luxottica - maior fabricante mundial de armações de óculos e dono da marca Ray-Ban - vai produzir no Brasil. A empresa comprou 60% da brasileira Técnica Nacional de Óculos, a Tecnol, com sede em Campinas (SP). Sergio Carnielli, presidente e fundador da Tecnol, permanecerá na empresa, com 40% das ações, presidindo o conselho da companhia.
Segundo fontes, o negócio pode chegar a cerca de R$ 800 milhões - embora não tenha ficado claro se o número se refere ao valor total da empresa ou ao montante desembolsado pela Luxottica. Informações do site Women’s Wear Daily, ligado ao grupo Condé Nast, porém, dão conta que o valor desembolsado será de US$ 160 milhões, ou R$ 300 milhões. Procuradas, Luxottica e Tecnol não se pronunciaram sobre o acordo.
A Tecnol é uma das maiores fabricantes nacionais de óculos, com aproximadamente 1,5 mil funcionários. A empresa, que deteve 50% da rede varejista Óticas Carol entre 2006 e 2008, produz armações com as marcas Forum, Kipling, Pierre Cardin, Turma da Mônica e United Colors of Benetton, entre outras. A Tecnol, porém, não divulga dados financeiros. Foi fundada há 38 anos por Carnielli, reeleito esta semana para a presidência do clube de futebol Ponte Preta - embora esteja afastado do cargo pela Justiça, por suspeita de irregularidades nas contas do clube.
Assim como outras empresas multinacionais de bens de consumo, a Luxottica vem investindo agressivamente na América Latina para compensar o crescimento mais lento em mercados mais desenvolvidos, como EUA e Europa. O Brasil e outros países emergentes se tornaram o foco da estratégia da Luxottica, conforme disse Andrea Guerra, presidente da empresa, em entrevista recente ao jornal francês Les Echos. "A Luxottica mudou completamente sua mecânica de crescimento recentemente. Estamos procurando todos os dias ser mais ‘domésticos’ em cada um dos nossos mercados."
No início do ano, a Luxottica abriu suas primeiras lojas Sunglass Hut no Brasil. A ideia é chegar a 90 lojas no longo prazo. Até dezembro, segundo a empresa, serão 12 em todo País. Ao fim de 2012, o total deve chegar a 25.
Fabricar no País "seria uma maneira de conseguir melhores preços e mais agilidade em lançamentos", disse Fabio d’Angelantonio, vice-presidente executivo de varejo da companhia italiana, em entrevista ao Estado, em setembro. "Escaparíamos dos impostos de importação e de uma situação que é muito comum: a demora na liberação de mercadorias nas aduanas." Parte fundamental do negócio da Luxottica, segundo ele, é oferecer variedade de novos modelos ao consumidor que entra em uma das óticas Sunglass Hut.
Atualmente, 60% das receitas da Luxottica vêm dos EUA, onde o grupo tem mais de três mil óticas. No Brasil, além das lojas próprias, a Luxottica vende para centenas de óticas multimarcas. As vendas da Luxottica, fundada há 50 anos, foram de € 5,8 bilhões em 2010 e de € 4,71 bilhões nos nove primeiros meses de 2011, com alta de 5,9% em relação aos mesmos meses de 2010.
Mercado
Em apenas quatro anos, o faturamento do mercado brasileiro quase dobrou, segundo a Associação Brasileira da Indústria Óptica (Abióptica). As vendas passaram de R$ 8,82 bilhões em 2006 para R$ 15,88 bilhões no ano passado. A expectativa para 2011 é de uma evolução de 25%. Dos óculos vendidos no País em 2010, dois de cada dez eram importados. Em 2009, essa proporção era de 1,6 para cada dez. As importações cresceram 37% em volume em 2010 - quase quatro vezes mais que a expansão de 10,5% da produção nacional, segundo a Abióptica. Por Lílian Cunha
Fonte:OEstadodeSP30/11/2011
SÃO PAULO -
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