18 novembro 2011

Fundo da Gávea capta US$ 1,9 bilhão

A Gávea Investimentos, gestora criada pelo ex-presidente do Banco Central, Armínio Fraga, concluiu a captação de seu quarto fundo de "private equity", com recursos que somam US$ 1,9 bilhão disponível para investimentos.

Esse é o primeiro fundo da instituição estruturado após a sociedade com a Highbridge, gestora de ativos alternativos do banco americano J.P. Morgan, que comprou 55% da Gávea em outubro do ano passado.

O volume é o maior já levantado por um fundo de investimentos em participações no Brasil e superou o objetivo inicial dos sócios. A meta era atingir um patamar entre US$ 1,2 bilhão e US$ 1,4 bilhão, mas como a demanda foi grande, eles ampliaram a captação, sempre com um limite superior. "O importante é o retorno do capital", diz Mary Erdoes, CEO de asset management and private bank do J.P. Morgan.

"Esse é de longe o maior fundo que já captamos e já começamos a investir", diz Armínio Fraga, sócio da Gávea. "Mesmo com o mundo passando por turbulências, vemos aqui no Brasil uma série de oportunidades para investir", completa.

Do total, cerca de 30% já foi direcionado para a compra de participações minoritárias em quatro empresas: a locadora de carro Unidas; a Odebrecht Óleo e Gás; a Camil Alimentos, maior indústria de beneficiamento de arroz e feijão da América Latina; e a Camisaria Colombo, de roupas masculinas.

O prazo de captação também foi mais curto do que o usual. Segundo Mary Erdoes, um fundo desse porte costuma levar um ano ou mais para obter os recursos, podendo se alongar ainda mais em períodos turbulentos como o atual. No caso do fundo da Gávea, a captação foi concluída em aproximadamente seis meses, mesmo com o agravamento recente da crise internacional. "Isso mostra a força de atração dos ativos brasileiros", afirma Mary.

Quase todos os investidores que já estavam nos fundos da Gávea participaram do novo fundo - praticamente todos estrangeiros -, mas novos foram atraídos. "Este foi o fundo que obteve a mais diversificada gama de investidores que já tivemos", diz Fraga. O fundo conta com aplicadores que vão desde de fundos soberanos até investidores de private bank de diversos países. "Os clientes estão muito animados com as perspectivas", completa Mary.

A Gávea também anunciou ontem a criação de um Conselho Consultivo, formado pelo ex-presidente da República, Fernando Henrique Cardoso; o ex-presidente do Santander, Fábio Barbosa, atualmente na Abril; e o executivo Claudio Sonder. "Sentimos que precisávamos ter um conselho separado, completamente independente, para compartilhar experiências e obter opiniões independentes para as estratégias e os riscos", diz Armínio.

A criação desse tipo de conselho é uma prática bastante comum no mercado internacional e o próprio Armínio integra o Conselho Consultivo do J.P. Morgan. Os membros assumem o posto no início do próximo ano.

Esse é o quarto fundo de private equity da Gávea. Os três anteriores acumulam um portfólio de cerca de 20 empresas, com ativos da ordem de R$ 5 bilhões. Parte dos aportes já foi desinvestido. Nos últimos doze meses, a Gávea levantou R$ 1 bilhão por meio da abertura de capital de três empresas: as farmácias Droga Raia, a empresa de entretenimento Time for Fun e a Arcos Dourados, rede de franquias do McDonald"s.

O fundo busca novas opções de investimento. Armínio acredita que a crise afeta os investimentos desse tipo mais no curto prazo do que no longo. Ele pondera ainda que para o tipo de investimento feito por fundos de "private equity", uma crise pequena pode até ser uma oportunidade.

No caso de crise mais profunda, no entanto, o cenário de investimento se altera fortemente. "As empresas brasileiras não são muito endividadas. Então se você entra em uma situação pânico, você pode querer investir, mas as empresas geralmente não querem vender [uma participação]", diz ele. Por Fernando Travaglini Fonte:Valoreconômico18/11/2011

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