Depois de pagar R$ 600 milhões pela Mabel, a PepsiCo está disposta a abocanhar mais um pedaço do mercado de biscoitos. O alvo da vez é a Marilan, fabricante do interior paulista que ocupa o quarto lugar no ranking do setor, depois da M. Dias Branco (23,4%), Nestlé (9%) e Kraft (7,3%).
Segundo apurou o Valor, a PepsiCo já fez duas visitas este mês à Marilan, com sede em Marília, a 450 km da capital. Além da PepsiCo, outras três empresas estariam interessadas. Se levar a Marilan, a PepsiCo deteria 12,7% do mercado de biscoitos, que movimentou R$ 7 bilhões no varejo em 2010.
"A PepsiCo não iria entrar em um segmento para ser a sétima do mercado", diz um executivo do setor, referindo-se ao market share da Mabel (6,1%), cuja compra foi anunciada no dia 10. "O processo [de venda] da Marilan é recente e o momento é propício para quem quer vender: os preços estão inflados pelo interesse das múltis", diz.
No ranking, entre a Marilan e a Mabel, estão a brasileira Bauducco (6,4%), associada à americana Hershey''s no país, e a argentina Arcor (6,3%). No passado, Bauducco e Arcor já tinham sondado a fabricante de Marília.
O mercado de biscoitos é caracterizado por empresas regionais e familiares. Estima-se que existam cerca de 400 fabricantes no país. Com presença em 98% dos lares, a categoria tem crescimento pouco expressivo, entre 2% e 3% ao ano. Para incrementar as vendas, os fabricantes têm agregado valor ao biscoito, em versões com mais recheio e cobertura ou de apelo saudável, como é o foco da PepsiCo, dona do Eqlibri. Nesse segmento, a Marilan inovou ao lançar a Magic Toast, torrada produzida a partir de arroz, milho e trigo.
Os últimos anos, no entanto, não foram os melhores para a Marilan. A empresa saiu de uma receita líquida de R$ 418,5 milhões em 2008, quando teve lucro de R$ 3,7 milhões, para registrar R$ 380,9 milhões de vendas líquidas no ano passado, com prejuízo de R$ 12,8 milhões. Em 2008, a Marilan esteve prestes a se tornar vice-líder do mercado de biscoitos, ultrapassando a Nestlé. Mas agora briga para se manter no quarto lugar, quase empatada com a Bauducco.
"O mercado de biscoitos não cresce e vem se tornando mais competitivo", diz outro executivo do setor. "Nesse cenário, se não há um investimento mais agressivo, como não houve por parte da Marilan, é inevitável a perda de mercado". Além disso, mudanças na estrutura comercial da companhia não geraram o retorno esperado.
Com 2,1 mil empregados e uma única fábrica, a empresa foi fundada em 1957 por Maximiliano Garla, hoje com 88 anos. A Marilan tornou a sua gestão profissional em 2006, depois de promover um trabalho de governança corporativa que separou o que era da família do que era da empresa. Um executivo prata da casa, Jaílton de Abreu, assumiu o comando em 2006, sucedendo o filho mais velho do "Seu Max", José Geraldo. Abreu faleceu em agosto de 2010 e desde então a presidência voltou aos Garla. Agora com José Rubis, filho do meio.
Nenhuma das empresas negou a negociação. Por meio da sua assessoria, PepsiCo afirmou sempre avaliar o mercado em busca de oportunidades, mas não comenta rumores. A Marilan disse que prossegue com a sua operação normalmente e não comenta rumores. Por Daniele Madureira
Fonte:Valor24.11.2011
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