Se lançar no universo da mulher de negócios e entrar no varejo com lojas de marca própria. Essas foram as duas ações que fizeram com que a fabricante de camisas catarinense Dudalina crescesse 55% neste ano e passasse a estudar a internacionalização da marca.
Segundo as estimativas da empresa de confecções, seu faturamento deve mais que dobrar para R$ 350 milhões entre 2010 e 2012. "Estamos rumo ao R$ 1 bilhão até 2016", afirmou em entrevista ao Valor a presidente da Dudalina, Sonia Regina Hess de Souza. A companhia deve encerrar este ano com os resultados na faixa dos R$ 265 milhões, patamar bem acima dos R$ 170 milhões registrados no ano passado.
Aos 56 anos - enquanto brinca com os dois netos na sala de seu escritório em São Paulo, decorada com as fotos da família - a executiva gosta de falar do futuro. "Agora temos um mercado mundial a nossa frente. A empresa de nossa família cresceu bem acima das expectativas", afirma Sonia, a sexta filha entre 16 irmãos. O pai Rodolfo, o Duda, e a mãe Adelina fundaram a empresa em 1957.
A executiva comanda a companhia desde 2003 e evita falar dos resultados da Dudalina antes de 2010. A razão é simples: nos últimos dois anos, o modelo de negócios da empresa sofreu fortes mudanças, que a levaram a um novo patamar de negócios.
Antes, a marca era conhecida pela confecção de camisas masculinas, voltadas para o conceito do homem de negócios. No fim de 2010 a empresa decidiu fazer testes de mercado para introduzir esse mesmo conceito em roupas femininas.
A ideia era entender o que a mulher moderna quer vestir para trabalhar. Cada vez mais conquistando posições de poder nas empresas, além de querer praticidade, a mulher brasileira busca manter a feminilidade. "Nesses testes, entendemos qual seria nosso foco", conta Sonia.
Em abril deste ano, foi aberta a primeira loja de camisas exclusivamente femininas da marca. Uma série de mudanças foi feita. A fábrica de Presidente Getúlio (SC), que antes produzia peças masculinas, foi convertida para fabricar somente camisas femininas. Com isso, houve uma redistribuição da produção e a área de malharia foi desativada, fazendo com que a fábrica de Luis Alves (SC) passasse a fazer somente camisas masculinas.
Além disso, a Dudalina construiu uma nova fábrica em Blumenau (SC) - onde também fica a administração da empresa - responsável pelo corte e preparação dos tecidos. Em Terra Boa, no Paraná, a companhia tem sua quarta fábrica, voltada para vestuário masculino e jeans.
Essas unidades, hoje, têm capacidade de produzir mais de 3,5 milhões de peças ao ano. Sônia já planeja a expansão da fábrica de camisas femininas em 30% no ano que vem. "O grande impulsionador de tantas movimentações foi o negócio feminino", diz. Neste ano, foram investidos mais de R$ 10 milhões na empresa, voltados para melhorias nos processos produtivos, publicidade, treinamentos, entre outros desembolsos.
Praticamente ao mesmo tempo em que se voltava para o universo das mulheres, a Dudalina começava a dar os primeiros passos no varejo. A primeira loja própria foi aberta no fim de 2010. Segundo Sônia, no planejamento, ela esperava ter 20 lojas em dois anos. Até o fim de 2011, no entanto, a Dudalina terá 30 lojas abertas, sendo 15 delas franqueadas. Do total de lojas, 15 são exclusivamente femininas, uma é loja conceito e as 14 demais são do modelo "double", ou seja, reúnem peças femininas e masculinas.
Para o ano que vem, a executiva promete ultrapassar 70 lojas de marca própria no país. A maioria das novas deve ser no modelo double. A Dudalina se focará também na diminuição do número de franqueados. Das 70, cerca de 30 novas lojas abertas serão da própria empresa. "Queremos ter um maior domínio, mais controle sobre a marca", afirmou Sônia. Apesar da ênfase na marca própria, a companhia não quer sair da multimarca. Hoje a Dudalina está presente em cerca de 3 mil pontos de venda, importantes para alcançar todo o país.
O projeto de expansão da empresa também passa pela internacionalização da marca. Hoje a Dudalina já está presente nos Estados Unidos e na Inglaterra, em multimarcas. No primeiro semestre do ano que vem, pretende fazer um show room em Milão, na Itália, e está acordando a venda de seus produtos com um fabricante de gravatas.
"Ainda precisamos entender o mercado internacional. Queremos entrar com humildade, pensar em um modelo e então abrir loja própria", afirma Sonia, que já enviou um executivo a Miami, nos EUA, para analisar o mercado. "Miami seria interessante para aprender. É o mais latino dos mercad0s", completa.Por Vanessa Dezem
Fonte:Valor16/11/2011
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