O presidente mundial da sueca Oriflame, Magnus Brannstrom, disse ontem ao Valor que a empresa analisa a hipótese de voltar a operar no Brasil, mas a entrada no país seria possível apenas no médio e longo prazos.
O executivo esteve na abertura da conferência regional da World Federation of Direct Selling Associations (WFDSA), entidade que reúne as associações de vendas diretas no mundo. "Nós temos algumas prioridades como Rússia, Índia e China e o Brasil não está nesse grupo de países prioritários agora", disse ele. "Nós precisamos crescer em mercados onde já estamos para consolidarmos posição". A Oriflame é a oitava maior companhia de vendas por catálogo do mundo, soma 3,7 milhões de consultoras e alcançou € 1,5 bilhão em vendas brutas em 62 países no ano passado.
Questionado se essa entrada no país poderia acontecer dentro de até cinco anos, Brannstrom afirmou que dentro desse período é possível, e que o retorno da empresa ao Brasil poderia acontecer tanto organicamente quanto por meio de aquisições de companhias no país. "Os dois caminhos serão analisados".
Em setembro de 2010, o executivo havia mencionado em outro evento que o Brasil era um dos mercados mais interessantes em termos estratégicos para entrar naquele momento e que o grupo estava tentando achar o melhor "negócio possível" para a compra. Localizar o alvo certo para a aquisição era claramente uma questão relevante para a empresa.
"Isso é verdade, mas a informação de que já estamos comprando alguém são especulações", disse. "Achamos que o Brasil é um mercado enorme e com muito potencial e temos interesse no país. É que estamos com outros planos agora".
A Oriflame esteve no Brasil nos anos 90 com uma operação de vendas, mas pessoas ligadas à empresa na época informaram que a companhia decidiu sair do mercado local porque não conseguia crescer de forma consistente num período de incertezas econômicas. Dados do relatório de resultados de 2010 mostram que só 6% das vendas da Oriflame vêm da América Latina e 4% da força de vendas está nessa região - o grupo opera no Chile, Colômbia, Equador, Peru e México. A receita na região latina tem ficado numa média de € 20 milhões por trimestre nos últimos dois anos. Houve queda na margem operacional na América Latina de 3,5% de abril a junho para 2,8% no mesmo período de 2010.
No fim do ano passado, circularam informações no mercado de que a companhia teria sondado a Jequiti, do Grupo Silvio Santos, interessada na compra do negócio. Os rumores ganharam força depois que o empresário brasileiro disse que teria que se desfazer de alguns ativos para dar conta dos passivos gerados com a quebra do Banco Panamericano. Na época, conforme apurou o Valor, Silvio Santos não aceitaria menos de R$ 800 milhões pela Jequiti, e as ofertas na mesa de diferentes empresas não teriam passado de R$ 400 milhões. A Jequiti nega que esteve à venda em qualquer momento.
De acordo com executivos presentes no evento ontem, em Istambul, algumas questões delicadas, como legislação tributária complexa no país e a dificuldade de achar um ativo interessante, podem ter feito a Oriflame postergar eventuais planos no país.
"Existem empresas brasileiras menores abertas a negociar, mas a Oriflame precisa de escala. E os negócios maiores não estão à venda ou encareceram muito", disse um executivo. Além disso, a Oriflame já tem planos de investimentos aprovados para outros mercados emergentes, como Rússia e Índia, e mencionou que planeja ampliar a margem bruta operacional da companhia nessas regiões. Por Adriana Mattos
Fonte:Valor06/10/2011
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