Mesmo após investimentos robustos em publicidade, o retorno não foi o esperado, levando companhia à opção de se desfazer da linha.
A Hypermarcas, gigante brasileira do setor de consumo, pode colocar mais uma marca à venda, além do sabão em pó Assim, da esponja de aço Assolan e dos atomatados Etti.
A tradicional Bozzano, que atua nos segmentos de cremes, espumas e aparelhos de barbear e também fixadores e estilizadores de penteado, transformou-se em uma espécie de elefante branco para a gigante que, após fazer inúmeras aquisições no país, agora parte para uma fase de alinhamento de seus negócios de forma a focar mais em saúde e beleza.
Segundo fontes de mercado, a companhia não sabe o que fazer com a Bozzano, que após receber gordos investimentos em publicidade, o que levou até a contratação de Ronaldo Fenômeno, não trouxe o retorno esperado.
"Eles investiram cerca de US$ 30 milhões nos últimos dois anos na marca e não chegaram a conquistar nem 2% do mercado. Agora, não sabem o que fazer com a marca. Venda é uma possibilidade", comenta um executivo que atua no setor.
No mercado brasileiro de lâminas para barbear, que movimenta por volta de R$ 2,5 bilhões por ano, com 1,3 bilhão de unidades, a Bozzano tem apenas 2% de participação em modelos descartáveis, que respondem por 70% de todas as vendas de aparelhos para barbear.
Esse percentual baixo a coloca a anos luz de distância da líder Gilette, da P&G, e muitos pontos atrás da BIC.
Se puser a Bozzano à venda, a Hypermarcas vai se desfazer de um ativo que adquiriu há três anos da Revlon no Brasil.
Embora Bozzano seja uma marca tradicional, o que se comenta entre especialistas é que ela é mais forte em espuma para barbear e gel para cabelo que em lâminas.
O esforço que a Hypermarcas fez com Ronaldo não foi suficiente para colocar o produto de maior valor agregado e taxas de crescimento na lista dos mais vendidos do país.
Procurada, a Hypermarcas diz que não comenta rumores de mercado.
Possíveis compradores
Uma compradora natural para Bozzano é a P&G, dona da líder Gillette. Questionado sobre seu interesse na marca, Tarek Farahat, presidente da P&G no Brasil, diz não fazer comentários sobre rumores e acrescenta que Gillette é bastante forte e conhecida no país.
Um executivo da P&G que prefere não ter seu nome revelado diz que entre comprar a Bozzano e investir a verba em uma grande campanha de publicidade ficaria com a segunda opção, já que a marca rival é de baixo impacto.
A BIC, dona das famosas canetas e isqueiros, é mais forte em aparelhos de barbear do que muitos imaginam.
A empresa francesa tem 16,2% do mercado brasileiro de aparelhos descartáveis, em valor, e cresce dois dígitos ao ano enquanto o resto do mercado avança um dígito.
Por conta de sua posição, Emerson Cação, diretor de marketing da BIC, admite que se for procurada pela Hypermarcas aceitará conversar.
"A BIC é compradora, com caixa e financiamento próprio. Ainda mais no Brasil, a segunda maior operação no mundo e a filial mais rentável", afirma.
A última aquisição feita pela BIC no Brasil foi a da Pimaco, de etiquetas adesivas. Aparelho de barbear é estratégico para a empresa, que tem no produto 20% de seu faturamento e terceiro item de maior venda.
Em valores, ninguém fala, mas quando a Hypermarcas adquiriu a Bozzano, há três anos, ela pagou US$ 104 milhões por um pacote de marcas que ainda incluiu Juvena, Acquamarine e Campos do Jordão. A maioria delas sumidas das gôndolas. Por Françoise Terzian
Fonte: brasileconomico 05/10/2011
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