20 outubro 2011

Empresas tentam agradar acionistas com operações de cisão

Com falta de opções e ansiosas para agradar os acionistas, as empresas estão decidindo que se dividir é o caminho para a prosperidade.

A estratégia consiste em dividir a empresa, geralmente com o objetivo de definir melhor a missão de cada área, tornando mais fácil para os acionistas compreender e valorizar os diferentes ramos do negócio.

O exemplo mais recente é o anúncio de quarta-feira da Abbott Laboratories, em meio a problemas em sua divisão farmacêutica, de que vai desmembrar suas áreas de medicamentos e de produtos para a indústria médica.

A venda de uma unidade da empresa pode ser mais rápida do que um desmembramento – e mais lucrativa quando o comprador está disposto a pagar extra. Mas, em meio à atual calmaria em fusões e aquisições, há poucos compradores.

"Em tempos de volatilidade do mercado, uma cisão pode ser um caminho mais certeiro do que uma venda, pois não é preciso encontrar comprador", diz Eduardo Mestre, vice-presidente da Evercore Partners. "Em épocas econômicas difíceis, também há pressão para aumentar o valor para o acionista, o que pode significar uma cisão."

Houve 58 cisões concluídas até agora neste ano, segundo dados da Dealogic, e outras já foram anunciadas. Em 2009 foram realizadas 50 separações, e no ano passado 74, pelos dados da Dealogic.

Não é fácil concretizar uma cisão. Preparar um novo nome, um novo conselho, uma nova equipe executiva e sistemas de tecnologia separados, sem falar nos aspectos legais, pode levar um ano ou mais, dizem banqueiros e advogados. E esse esforço exige financiamento.

Por exemplo, os ganhos do primeiro trimestre do ano da área de construção naval da Northrop Grumman, que completou sua cisão em 31 de março, totalizaram US$ 34 milhões; inclui-se aí uma despesa de US$ 23 milhões para separar essa unidade.

Mas o desmembramento tem suas vantagens.

Uma das mais importantes são os impostos. Tipicamente, uma cisão pode ser realizada sem pagar impostos. Isso significa que é uma boa estratégia se a empresa tem uma base fiscal relativamente baixa em relação ao valor da unidade a ser vendida, o que tornaria considerável o custo fiscal de uma venda. Um imposto elevado a pagar pode desanimar um possível comprador, que provavelmente teria que incluir essa despesa no seu preço de oferta.

Uma unidade que for separada pode ser comprada mais tarde, mas segundo as normas fiscais americanas, a nova empresa independente pode ter que esperar seis meses, e às vezes até dois anos depois de concluída a cisão para buscar compradores, período considerado de "esfriamento", segundo especialistas jurídicos.

Às vezes a empresa que anuncia uma cisão continua atraindo possíveis compradores. Isso aconteceu com a Kinder Morgan Inc., empresa americana de oleodutos que anunciou domingo que vai adquirir por US$ 21,1 bilhões a empresa de energia El Paso Corp. Em maio a El Paso havia anunciado que planejava separar, até o fim do ano, sua área de exploração e produção da área de gasodutos e oleodutos.

Enquanto a El Paso passava pelo processo de cisão foi procurada pela Kinder Morgan, interessada em adquirir toda a empresa, segundo pessoas a par do assunto.

A Kinder Morgan convenceu a El Paso que esta conseguiria maior valorização se fosse vendida integralmente, segundo essas pessoas.

Quando a El Paso anunciou a cisão, em maio, sua ação subiu cerca de 7% para US$ 20,24. O acordo com a Kinder Morgan valoriza a ação da El Paso em US$ 26,87, com base no preço de fechamento da ação da Kinder Morgan em 14 de outubro – um aumento de 37% sobre o preço de fechamento da El Paso na sexta-feira. A Kinder Morgan informou que também vai assumir cerca de US$ 16,7 bilhões em dívidas existentes e outros passivos.

Agora a Kinder Morgan espera organizar a venda da unidade de exploração e produção da El Paso, antes da conclusão do seu acordo para adquirir a empresa, no próximo ano. Seu plano: usar o produto da venda para pagar as dívidas associadas ao negócio.Por GINA CHON do WSJ
Font:valor20/10/2011

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