05 setembro 2011

Indústria ferroviária entra nos trilhos e fatura quase R$ 4 bi

Levantamento aponta que número de fabricantes de produtos voltados ao segmento passou de 350 para 428, em cinco anos. Expansão da malha pode reforçar o movimento.

Os projetos de renovação da malha ferroviária nacional e a ampliação do uso deste meio de transporte em ambientes urbanos estão dando musculatura à cadeia produtiva da indústria ferroviária no Brasil.

Mesmo com o câmbio favorável às importações, nos últimos cinco anos, o número de fornecedores do setor com produção nacional passou de 350 para 428. É o que aponta levantamento realizado pela "Revista Ferroviária", especializada no setor.
São números que acompanham altas consistentes de receita. Em 2007, as vendas das indústria ferroviária brasileira foram de R$ 2 bilhões. Em 2008, alcançaram R$ 2,6 bilhões. Caíram com a crise, no ano seguinte, para R$ 2,1 bilhões. Mas, em 2010, bateram em R$ 3,1 bilhões.

Para este ano, as perspectivas da Associação Brasileira da Indústria Ferroviária (Abifer) indicam R$ 3,8 bilhões.
A própria associação viu o número de associados crescer rapidamente. Nos últimos dois anos, a lista passou de 28 para 58.
"Entendemos que essa década será efetivamente a década do setor ferroviário", afirma Vicente Abate, presidente da entidade. "Não há como não haver expansão ferroviária, pela necessidade de redução de custos logísticos e de melhora do transporte público", avalia.

Concorrência

Nos últimos cinco anos, entre as companhias que passaram a integrar a lista de empresas que atendem ao setor, encontram-se nomes pouco conhecidos, como a Caiçara Sistemas de Segurança, fabricante de lavabos, reservatórios de água, portas e janelas de alumínio para a indústria ferroviária; ou a Cauchoflex, de buchas e amortecedores.
Mas também companhias como a 3M, que no ano passado montou uma equipe comercial e de marketing especificamente para desenvolver novos negócios na área. "Até há alguns anos, víamos o mercado como estagnado. Com o crescimento recente e os projetos por vir, a área passou a ser estratégica", diz Marcio Nanuncio, gerente de desenvolvimento de negócios para o mercado ferroviário.

A 3M fabrica uma ampla gama de produtos com aplicação na indústria ferroviária, mas que não são feitos especificamente para ela. A lista vai de discos abrasivos para a construção de estruturas até fitas para marcação e mascaramento em pintura, passando por selantes, isolantes térmicos e acústicos.

Neste ano, a meta da empresa é crescer no país acima de 40% na área. As projeções para a companhia como um todo são bem menores, de 10% a 12%, sobre os R$ 2,4 bilhões de 2010.

Há também fabricantes de trens como a espanhola CAF, que já tinha escritório no país, mas inaugurou fábrica em Hortolândia (SP), no ano passado. E a Bom Sinal, fabricante brasileira de veículos leves sobre trilhos (VLTs) a diesel, que antes fabricava interiores e mobiliário para ônibus e estádios.

É um movimento que tende a ganhar ainda mais corpo, com novos investimentos na ampliação da malha ferroviária do país. O governo estuda revitalizar pelo menos 14 linhas regionais nos próximos anos; há projetos para implantação de VLTs em pelo menos uma dezena de cidades do país; a construção das ferrovias Norte Sul e Oeste Leste está caminhando e existe a promessa do trem-bala, enfraquecida por adiamentos sucessivos da licitação, mas ainda na lista do governo federal.

O cenário positivo tem levado companhias como a GE a falarem na possibilidade de novos investimentos - mesmo após ter dobrado a capacidade de produção, de 60 locomotivas por ano, para 120, de 2010 para 2011.

Na semana retrasada, durante visita ao país de seu presidente mundial, Jeff Immelt, a companhia divulgou que estuda novos aportes em sua fábrica de trens, em Contagem (MG).
De forma semelhante, a Caterpillar anunciou neste ano que será a segunda companhia a fabricar locomotivas para o transporte de cargas no Brasil. E a Knorr-Bremse, fabricante de sistemas de frenagem, está construindo uma nova fábrica em Itupeva (SP), com investimento de R$ 80 milhões.

Até 2013, na contabilidade da Abifer, os investimentos em expansão da produção na indústria ferroviária somarão ao menos R$ 250 milhões. De 2003 a 2010, foram de cerca de R$ 1,1 bilhão, calcula a entidade.
Fonte:brasileconomico05/09/2011

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