As negociações entre a Iberdrola e o fundo de pensão Previ para a compra da Neoenergia ganharam fôlego este mês, com a vinda do presidente da empresa espanhola ao Brasil. Ignacio Galán tenta fechar a compra do controle da Neoenergia adquirindo parte da participação de 49,01% da Previ, numa operação que envolverá também a empresa de participações do BNDES, a BNDESPar.
Segundos fontes, a proposta da companhia espanhola é de que, ao final do acordo, a nova composição acionária da Neoenergia seja 60% Iberdrola, 20% Previ e 20% BNDESPar. O Banco do Brasil, que participa hoje da sociedade com 11,99% por meio da BB Investimentos, deixará a empresa.
Nenhuma das empresas confirma oficialmente o andamento do negócio, que envolve cifras bilionárias. A Neoenergia estaria avaliada em mais de R$ 20 bilhões. A Previ, de acordo com fontes ouvidas pela Agência Estado, teria proposto que a companhia de energia paulista Elektro, adquirida no início do ano pela Iberdrola, por US$ 2,4 bilhões, entrasse no acordo como moeda de troca, sendo incorporada pelo fundo de pensão.
Com isso, a Previ daria início ao processo de fusão entre a Elektro e a também paulista CPFL Energia, na qual o fundo de pensão participa do bloco de controle, mas os espanhóis estariam reticentes quanto a essa troca. Até o início do ano, a intenção da Previ era unir a CPFL e a Neoenergia.
A próxima reunião do conselho de administração da Neoenergia será na sede da Iberdrola, na Espanha, na primeira semana de outubro, quando pode ser decidida a aprovação do acordo. A Iberdrola corre contra o tempo, pois precisa lançar o resultado no balanço de 2011.
Para isso, precisará também que o acordo tenha a aprovação da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e, pelas novas regras internacionais de contabilidade (IRFS), só pode contabilizar o resultado da Neoenergia sendo majoritária. Em maio deste ano, os acionistas da Iberdrola haviam aprovado em assembleia que a direção da empresa tomasse as medidas necessárias para assegurar o controle acionária da Neoenergia.
Fatia. Segundo fontes, o BNDES poderá entrar no negócio de duas formas: diretamente, adquirindo participação acionária, e financiando as partes envolvidas. Estima-se que a participação direta da BNDESPar possa chegar perto de R$ 2 bilhões. Uma das alternativas é uma operação triangular, na qual ações do Banco do Brasil fossem incorporadas pelo BNDES, que adquiriria a participação da BB Investimentos e parte da fatia da Previ.
Há algum tempo, esse tipo de negociação foi tentada, mas encontrou resistência na antiga direção do fundo de pensão. No passado, chegou-se também a cogitar a abertura de capital da Neoenergia como uma alternativa para a Previ e o Banco do Brasil reduzirem suas participações acionárias na holding elétrica.
No início do mês, Ignacio Galán reuniu-se, em Brasília, com o ministro das Minas e Energia, Edison Lobão, para expor os planos da Iberdrola de investimento no Brasil. A intenção de Galán era conseguir uma audiência com a presidente Dilma Rousseff, mas não houve como conciliar as agendas. De volta à Espanha, Galán teria indicado aos acionistas que as negociações no Brasil corriam 'em boa direção'.
Fonte:OEstadodeSP28/9/2011
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