26 agosto 2011

Ritmo de aquisições deve continuar acelerado no ano

As nuvens escuras do cenário internacional não devem ser suficientes para intimidar os planos de aquisição das companhias brasileiras. Com dinheiro guardado no porquinho, elas devem ir às compras no segundo semestre com o mesmo apetite que foram no primeiro, segundo expectativa do sócio de assessoria de fusões e aquisições da KPMG Luis Motta.

"São altas as chances de o ano de 2011 apresentar um novo recorde em aquisições", acredita. Para isso, basta que se mantenha na segunda metade do ano o ritmo de operações da primeira, quando foram concretizadas 379 aquisições. "A maior parte foi de brasileiras comprando brasileiras", diz. Em todo o ano passado, foram realizadas 726 operações.

Segundo Motta, a motivação das companhias não virá do fato de suas concorrentes terem ficado mais baratas, fenômeno que fica visível diante da desvalorização das ações na bolsa. "Isso (a queda do valor de mercado das empresas listadas) é reflexo da expectativa de risco e mais atrapalha do que ajuda no ritmo de aquisições", diz. Para Motta, as transações vão continuar em alta porque, pelo menos por enquanto, nada indica que as companhias devem recuar de seus projetos de expansão.

Segundo a vice-presidente de finanças da Iguatemi, Cristina Betts, é "prematuro" dizer que a turbulência atual vai baratear as aquisições que a empresa pretende fazer. "Uma coisa é a expectativa que se reflete na bolsa, outra é o ativo real", afirma Cristina.

Para ela, como o setor de shoppings tem um horizonte de médio prazo, com contratos de aluguéis de cinco anos, as coisas são mais estáveis. "Mesmo em 2008, com tudo que o mercado derreteu naquela época, o nosso resultado foi absolutamente dentro do que tínhamos orçado."

Nesse sentido, a executiva diz que a turbulência atual não afeta os planos de expansão da Iguatemi. "O que importa é a localização e o mix de lojas", diz ela, destacando que o Brasil vive hoje uma situação de quase pleno emprego e que a renda cresce.

A empresa de corretagem imobiliária Brasil Brokers, que está com R$ 261 milhões disponíveis, também se diz pronta para aquisições. "Queremos comprar 15 companhias em três anos", afirma o diretor financeiro e de relações com investidores da empresa, Álvaro Soares. O foco dessa fase de consolidação serão as imobiliárias que trabalham no mercado de imóveis usados.

Além dos recursos disponíveis na conta, a empresa deve contar com geração própria de caixa para financiar a expansão. O endividamento não interessa, diz ele, porque a estrutura da companhia não permite que a despesa com juros gere benefício fiscal.
Fonte:valoreconomico26/08/2011

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