A Raia Drogasil, nova empresa que surge da fusão das redes de farmácias Droga Raia e Drogasil, vai avaliar o desenvolvimento de uma marca própria de produtos.
Executivos da companhia disseram ainda, em teleconferência com analistas nesta quarta-feira, que a Raia Drogasil irá avaliar oportunidades seletivas de aquisição.
As companhias divulgaram na noite de terça-feira que a fusão será feita mediante a incorporação das ações da Droga Raia pela Drogasil, e que, feito isso, esta empresa passrá a se chamar Raia Drogasil.
Os acionistas da Drogasil ficarão com 57% da nova companhia -cuja receita bruta combinada é de R$ 4,1 bilhões-, enquanto os da Drogaraia terão parcela de 43% do capital.
Segundo destaca o fato relevante enviado à Comissão de Valores Mobiliários, o controle da nova empresa será dividido entre os acionistas que atualmente compartilham o controle da Drogasil, exercido pelas famílias Pires Oliveira Dias e Galvão, e da Droga Raia, exercido pela família Pipponzi e por fundos geridos por Pragma e Gávea (gerida por Arminio Fraga, ex-presidente do Banco Central). Um acordo de acionistas vinculará as ações em número igual entre os acionistas que exercem o controle de cada uma das empresas.
Cada ação da Raia será trocada por 2,29 novos papéis de emissão da Drogasil.
Com mais de 700 drogarias em nove unidades da federação, nas quais se encontra aproximadamente 78% do mercado farmacêutico brasileiro, a nova rede farmacêutica nasce com participação de mercado combinada de 8,3% nos 12 meses encerrados em 31 março de 2011, segundo dados do "IMS Health" citados no fato relevante enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
A Raia Drogasil vai manter inicialmente em funcionamento as marcas Droga Raia e Drogasil e seguirá listada no Novo Mercado da BMFBovespa.
Pelo acordo, Antônio Carlos Pipponzi, atual diretor-presidente da Droga Raia, será eleito presidente do Conselho de Administração da Raia Drogasil, e Cláudio Roberto Ely, atual diretor-geral e de relações com investidores da Drogasil, será o diretor-presidente da nova companhia.
RISCO CADE
A fusão ainda precisa ser aprovada pelas autoridades brasileiras de defesa da concorrência. Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE), Secretaria de Direito Econômico (SDE) e Secretaria de Acompanhamento Econômico (SEAE) podem determinar se a união pode ser feita integralmente ou reprovada, ou se podem ser impostas restrições como a venda de lojas devido ao risco de prejuízo do consumidor pela maior concentração de mercado.
Mas a Raia Drogasil não espera restrições significativas do Cade pela combinação entre Droga Raia e Drogasil.
Das mais de 700 lojas do grupo atualmente, quase 500 estão no Estado de São Paulo, onde o market share das marcas Raia e Drogasil juntas é de 18,5%.
- Já fizemos algum estudo. É um assunto delicado que vamos ter que tratar com o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) - afirmou o presidente-executivo e diretor de Relações com Investidores da Drogasil, Cláudio Ely, que será o presidente da Raia Drogasil.
Segundo ele, mesmo na cidade de São Paulo a Raia Drogasil tem participação perto de 20% em poucos bairros -o que poderia exigir algum desinvestimento por questões concorrenciais.
A participação de mercado nacional da Raia Drogasil é estimada em 8,3%. O grupo tem farmácias em Estados nas regiões Sudeste e Sul, além do Distrito Federal e Goiás.
Fora do Estado de São Paulo, o maior market share é visto no DF e em Goiás, com perto de 14% em cada um.
A Raia Drogasil vê grande oportunidade de crescimento no Rio de Janeiro e em Minas Gerais, onde as duas marcas têm juntas participação de 4,5% e de 7,5%, respectivamente.
Além disso, executivos destacaram que o balanço fortalecido da empresa combinada permitirá o ingresso em novos mercados de forma acelerada, buscando presença em todo o território nacional.
- Não vamos abrir mão do mercado, não vamos abrir mão do crescimento. A integração (de Raia e Drogasil) terá prioridade, mas não pode paralisar a empresa -afirmou Ely.
SINERGIAS
Executivos da Raia Drogasil não quiseram estimar as sinergias previstas, mas disseram que parte importante virá do portfólio de lojas -com provável fechamento de algumas unidades por sobreposição.
A estratégia é fazer com que as bandeiras Raia e Drogasil -que serão mantidas- atuem de forma coordenada para ampliar as vendas.
Em relatório, o BTG Pactual estimou sinergia anual de R$ 61,8 milhões, ou quase R$ 600 milhões a valor presente, com base na sobreposição de farmácias com distância inferior a um quilômetro. Os analistas do Raymond James, por sua vez, calculam sinergia potencial a valor presente de R$ 400 milhões.
A expectativa é que a união de Raia e Drogasil esteja concluída "muito antes do fim do ano", afirmou Ely.
Fonte: Globo04/08/2011
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