01 agosto 2011

Analistas apostam em união de Dasa e MD1 sem restrições

Laboratórios: Para o mercado, parecer do Cade considera que Bueno, da Amil, comanda Dasa e D"Or.

O parecer da Procuradoria Geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), inicialmente contrário à união entre MD1 e Dasa, pode trazer alguma pressão às ações da companhia de laboratórios pelo poder que terá em adiar a conclusão do negócio. No entanto, na visão do mercado, o relatório que balizou o parecer contém algumas inconsistências. Portanto, os analistas acreditam que a operação não deverá ser suspensa.

As ações da Dasa subiram 4,3% na sexta-feira, para R$ 19,25. Assim, reduziram as perdas acumuladas na semana para 2%.
Para os analistas Rafael Frade e Carlos Firetti, do Bradesco BBI, o processo de análise deve levar mais tempo, o que pode adiar benefícios esperados pela empresa, em particular a amortização de ágio da incorporação da MD1. Inicialmente, esperava-se que esse benefício fiscal já apareceria nos resultados do terceiro trimestre. Em termos de sinergias, acreditam os analistas, o principal ganho viria de renegociações com fornecedores, o que já foi absorvido.

O parecer da Procuradoria do Cade aponta concentração em diversos mercados, especialmente no Rio e em São Paulo, onde a empresa alcançaria uma participação de mais de 50%. Como exemplo, cita 55% no segmento de exames por imagem no Rio e, em outros casos, de quase 100%.O analista do Itaú BBA Marcio Osako afirma que o relatório não é muito claro e "parece apresentar algumas inconsistências que poderiam reverter o parecer, caso confirmado".

Em primeiro lugar, afirma, a taxa de concentração apontada de mais de 50% parece ser elevada, mesmo no Rio de Janeiro, onde a MD1 tem forte posição.
Nos cálculos do analista do Itaú, a participação da Dasa-MD1 seria de aproximadamente 38%. Para chegar a esse percentual, ele somou as receitas de ambas em 2010 no Estado - R$ 450 milhões para MD1 e R$ 150 milhões para Dasa. Ele comparou esse somatório com o tamanho do mercado carioca, que seria de R$ 1,6 bilhão, considerando um mercado brasileiro de diagnósticos de R$ 12,2 bilhões e uma participação de 13%, que é a fatia do Rio no segmento de planos de saúde.

Em segundo lugar, afirma o relatório do Itaú, já que a MD1 não tem presença em São Paulo, a operação não apresentaria nenhuma alteração em termos de concentração, conforme diz o parecer.
Para os analistas, essas inconsistências podem ter surgido porque no relatório do parecer não existe uma definição de concentração de mercado (ou seja, quais parâmetros foram levados em consideração, como equipamentos, receita, região geográfica) e pelo fato de a definição de grupo econômico em questão poder estar incorreta, que é o principal argumento da Dasa, conforme comunicado.

Edson Bueno, fundador da Amil, tem o controle dessa companhia, com 65%. Além dessa posição, conforme observam os analistas JC Santos e Pedro Montenegro, do BTG Pactual, ele tem participações minoritárias em outros negócios de saúde: fatia de 8,8% na Dasa-MD1 e de 10% na Medise, que tem direitos sobre a marca D"Or e reúne os hospitais Copa D"Or e Quinta D"Or.

O parecer pode ter considerado erroneamente algumas (ou todas) as operações da D"Or (incluindo o Hospital São Luiz, que possui operações em São Paulo). A D"Or é, na verdade, a principal concorrente no Rio e foi adquirida pelo Fleury. A potencial má interpretação pode ter ocorrido por conta dessa fatia de Bueno na Medise. O Grupo FMG era o acionista controlador dos hospitais Copa D"Or e Quinta D"Or e mais tarde adquiriu o São Luiz.

Para o BTG, Bueno, que é o principal link entre as empresas, está sendo considerado pelo parecer do Cade como um único grupo econômico. Mas como ele tem controle da Amil e participações minoritárias em outras instituições, qualquer possibilidade de avaliação de que um monopólio estaria sendo formado estará minada. Em relatório, analistas do J.P. Morgan também não acreditam que a operação tenha de ser desfeita. Embora observem que a notícia é negativa para as ações, no curto prazo.
Fonte:ValorEconômico01/08/2011

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