Aquisição da Conpacel e da Biogene são voltadas a um longo prazo que terá mais brasileiros usando papel de escrever e imprimir.
Chegar ao centenário, em 2024, como líder em papel de imprimir e escrever na América do Sul, figurar entre as maiores empresas de celulose do mundo e liderar o mercado de pellets (um tipo de resíduo de madeira) para energia renovável e biotecnologia no setor florestal foram as metas traçadas pela Suzano Papel e Celulose em 2010. O planejamento foi de longo prazo mas, no curto, a companhia decidiu crescer mais rápido. Encerrou o ano com a compra de 50% dos ativos do Consórcio Paulista de Papel e Celulose (Conpacel) e de 100% das operações de distribuição da KSR, maior distribuidora de papéis e produtos gráficos do Brasil, controlada pelo Grupo Votorantim.
A aposta da Suzano na aquisição da Conpacel colocou a empresa diante da possibilidade real de consolidar a liderança de papéis de imprimir e escrever e obter sinergias – estimadas pela empresa em R$ 300 milhões na soma das áreas operacional e administrativa. O negócio colocou a Suzano entre as finalistas da primeira edição do Prêmio Negócio do Ano iG/Insper na categoria Negócio mais Ousado do ano. Essa categoria criada pelo Insper considera o valor relativo da operação com relação ao faturamento da compradora.
A direção da Suzano acredita que a Conpacel ajudará a empresa a elevar sua geração de caixa e, com isso, alimentar os investimentos necessários aos projetos de crescimento da empresa. A passagem do controle da Conpacel para a Suzano foi efetivada em fevereiro. Já a aquisição da KSR, com suas 20 filiais distribuídas pelo País, proporcionou à empresa presença em regiões onde antes não atuava diretamente.
A estratégia da Suzano aposta no aquecimento da economia brasileira, com o crescimento do consumo de papel de escrever e imprimir. A avaliação da empresa é que o aumento da renda, do nível de escolaridade e o acesso às novas tecnologias tendem a impulsionar o consumo de papel no mercado interno. O segmento de impressão e escrita tem liderado a expansão das vendas no mundo todo, em especial nos países emergentes. Para a empresa, não será diferente no Brasil.
De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Celulose e Papel (Bracelpa), o consumo de papel cresceu 8% no país em 2010 sobre o ano anterior. As estatísticas da entidade mostram que houve aumento de 31% na produção de papel e de 85% na de celulose, nos últimos dez anos. A Suzano aparece em segundo lugar nos dois mercados, com 17,3% de participação em celulose (atrás da Fibria) e com 11,5% em papel (em seguida à Klabin).
Para o analista Fernando Góes, do home broker Rico, as perspectivas de crescimento da Suzano se assentam sobre uma conjuntura favorável. “A empresa atua num segmento seguro, com grande potencial de crescimento por conta do incentivo que o governo oferece para o mercado interno, em ascensão”, diz. Segundo Góes, o que pode prejudicar o desempenho da Suzano nos próximos anos é justamente o setor externo, principalmente em função da contínua queda do dólar perante o real, afetando o desempenho exportador da empresa.
Apesar da ressalva cambial, a companhia também projeta aumentar seu destaque no mercado internacional e considera que o Brasil tenha grande potencial para se tornar líder global em produção de celulose devido a sua competitividade florestal. O país hoje está atrás de China, Canadá e Estados Unidos. A principal aposta no mercado externo é a América do Sul, que atravessa um período de expansão econômica semelhante ao do Brasil.
A Suzano tem investido na construção de novas fábricas no Maranhão e no Piauí, que devem entrar em operação entre 2013 e 2016. Cada uma terá capacidade para produzir 1,5 milhão de toneladas de celulose por ano e gerar 100 MW de energia. Com isso, a capacidade de produção da empresa vai quase dobrar, passando de 3,2 milhões de toneladas de papel e celulose para 6,2 milhões de toneladas por ano.
Em relatório, os analistas Marcos Assumpção, Alexandre Miguel e André Pinheiro, do Banco Itaú BBA consideram que o ciclo de preços elevados para os próximos anos será benéfico ao desempenho das empresas de papel e celulose, sendo que a Suzano, pelas características de sua operação, tende a ser uma das mais beneficiadas.
A empresa também se prepara para ingressar no segmento de energia renovável. Está previsto para 2014 o início da produção de 3 milhões de toneladas de toneladas de pallets – pelotas produzidas a partir de resíduos de madeira. O material será usado como biomassa na produção de energia e deverá ser exportado, em especial para a Europa. Serão erguidas três unidades para produção de pellets em locais ainda não definidos. Cada unidade poderá produzir 1 milhão de toneladas por ano.
Em 2010, o grupo Suzano entrou em uma nova área, com a aquisição da FuturaGene, empresa especializada na pesquisa e desenvolvimento de biotecnologia para culturas florestais e biocombustíveis. O negócio, avaliado em US$ 82 milhões, vai ampliar o envolvimento do grupo com a pesquisa e desenvolvimento de tecnologias em busca de produtividade maior para a produção florestal da empresa, bem como o desenvolvimento de questões ambientais como melhor uso de recursos hídricos, aproveitamento da terra e maior absorção de carbono.
Fonte: iG12/07/2011
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