Quatro anos depois de abrir o capital da MRV, Rubens Menin dá o segundo passo mais importante da sua trajetória no ramo imobiliário. Por R$ 250 milhões, o empresário mineiro fechou a venda de um terço da MRV LOG – subsidiária de imóveis para renda, como centros logísticos e shoppings – para o fundo de private equity Starwood Capital, que administra US$ 16 bilhões em ativos imobiliários no mundo e faz sua estreia no Brasil. Os sócios da Log fizeram um aporte adicional de mais R$ 100 milhões no negócio.
Com a injeção de R$ 350 milhões, Menin prepara o braço de logística para uma fase de expansão acelerada e a futura abertura de capital do negócio, possivelmente no próximo ano, se as condições de mercado forem favoráveis. A capitalização tem importância estratégica porque a MRV Log vinha sendo grande consumidora de caixa da empresa mãe, a MRV, cujo foco principal é totalmente distinto.
O empresário mineiro que começou na baixa renda traça para o seu novo negócio trajetória semelhante à adotada na empresa que fundou há 32 anos, a MRV. A companhia de baixa renda recebeu aporte de R$ 160 milhões do fundo Autonomy em dezembro de 2006. Ganhou musculatura e conseguiu a maior capitalização (R$ 1 bilhão) em bolsa de uma empresa do ramo imobiliário na primeira emissão de ações. A própria Log foi fundada em 2008 em sociedade com o Autonomy, que detinha 35% e vendeu sua participação em julho de 2009 em uma oferta de ações secundária. O braço de logística ficou um tempo adormecido até voltar à ativa, em agosto de 2010.
Menin é presidente do conselho de administração da MRV Log, no qual a Starwood ocupará dois assentos. Ele e os executivos ressaltam que o objetivo é tornar a empresa a maior do país no setor de logística e galpões industriais. Atualmente, a empresa tem 26 projetos em sete Estados, o equivalente a 1 milhão de m2 de área bruta locável. O objetivo é atingir 3 milhões de m2 em três anos.
Por enquanto, a empresa tem, prontos, 76 mil m2 de área construída e 47,6 mil m2 em operação. Hoje, a MRV Log possui R$ 450 milhões em patrimônio líquido – o da MRV é de R$ 3,2 bilhões.
Embora também atue em shoppings e malls de pequeno e médio porte, cerca de 80% dos negócios estão em condomínios e centros logísticos. “Durante 30 anos, rodei o Brasil procurando terrenos, temos muita experiência nisso”, afirma Marcos Cabaleiro, presidente da MRV Log, que conta com a demanda por esse tipo de produto no Centro-Oeste, Sul e Nordeste – a atuação nacional é vendida pela companhia como seu principal diferencial. ” É um setor que precisa de capital intensivo e só um player grande como nós consegue ter atuação nacional”, diz Menin.
Além de Cabaleiro, no time da MRV Log, Menin tem Sérgio Fischer, que ficou durante oito anos na Flórida trabalhando em uma empresa de centros logísticos, da qual Menin é sócio. “Estamos trazendo o conceito e o padrão que existe lá para o Brasil”, afirma. “Hoje em dia, apenas São Paulo e Rio possuem produtos desse tipo.”
A entrada do fundo será um processo catalisador para uma nova fase da empresa, que deve incorporar instrumentos de dívida (como CRI, financiamento à construção e debêntures) para financiar seu crescimento e aumentar o retorno. “Até agora, estava tudo sendo feito com capital próprio, mas queremos trazer mais alavancagem financeira para a empresa”, diz Leonardo Correa, diretor financeiro e de RI da MRV. Para 2011, a previsão de investimentos é de R$ 600 milhões.
O maior projeto da companhia será um loteamento industrial com seis milhões de m 2 em Betim. A empresa investirá R$ 175 milhões na urbanização do local, que deve comportar cerca de 350 empresas. Ao contrário de outros negócios, terá cerca de 3,5 milhões de m 2 que serão vendidos.
Fonte: ValorEconômico18/07/2011
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