No mercado, circula a informação de que o valor da transação foi US$ 120 milhões
Há sete meses, a negociação de venda da agência brasileira de propaganda DPZ para o conglomerado francês Publicis vazou para a mídia. Mas as conversas entre as partes estavam em cartaz há um ano e meio, como conta agora o mediador dos entendimentos e diretor-geral da empresa, Flávio Conti.
"Foi trabalhoso conciliar os interesses", conta ele. "É lógico que o dinheiro pesou. Mas o que mais dificultou foi aliar as expectativas dos três fundadores da DPZ às diretrizes do Publicis. Eles queriam a permanência do nome da agência, assim como a manutenção da sua independência em relação aos outros empreendimentos do Grupo Publicis. A DPZ vai se reportar a Paris. Não terá intermediários. Concluímos o negócio porque a proposta foi respeitosa. Vamos manter os endereços tanto o de São Paulo como o do Rio, assim como o nossos 230 funcionários."
Com ações em bolsa, o Grupo Publicis confirmou ontem em comunicado a compra de 70% da agência brasileira, assim como a opção de aumentar sua fatia para 100% em dois anos. Nenhum outro detalhe financeiro sobre o negócio foi fornecido. O valor que circula no mercado brasileiro não é confirmado por nenhuma das partes. Especula-se que o Publicis teria pago US$ 120 milhões pela participação majoritária. Os três sócios fundadores, José Zaragoza, Roberto Duailibi e Francesc Petit, seguem com 10% das ações cada um.
O Publicis informa que a DPZ deverá ter receita de 40 milhões este ano. Mas Conti discorda e diz que será bem mais do que isso. Insiste que a venda não tem nenhuma relação com queda de desempenho, até porque a agência - que tem entre seus clientes parte da verba do Banco Itaú, da indústria de alimentos Sadia e da empresa área Azul - vem recuperando posição. Na década de 90, a DPZ estava entre as três maiores do ranking nacional. Hoje, ocupa a 24.ª posição pelo Ibope Monitor, com movimentação de verba de mídia de R$ 750 milhões no ano passado.
O contrato de venda da DPZ ficou a cargo do escritório Rodrigues Barbosa, McDowell de Figueiredo, Gasparian - Advogados. O sócio Samuel McDowell de Figueiredo garante que "desde o começo o Publicis compreendeu a história da DPZ e concordou que seria fundamental a permanência dos sócios-fundadores, tanto que eles vão continuar por um período de dois a quatro anos à frente da operação. Os três vão integrar o conselho de administração".
A permanência do trio se dá também porque, em negócios com empresas de prestação de serviço, o pagamento fica atrelado à performance por um período. É uma garantia de desempenho. Findo esse período, o Publicis poderá adquirir os 30% restantes da agência.
Apetite. A DPZ sempre foi cortejada por compradores estrangeiros, mas o negócio nunca se efetivou porque os três sócios nunca acordavam sobre as condições dos contratos. Desta vez, porém, as condições são outras. Sem herdeiros e já na casa dos 70 anos, eles resolveram que chegou o momento de deixar o cenário da propaganda. Um ambiente que reinventaram com a criação da DPZ há quatro décadas.
O presidente do Publicis, Maurice Lévy, que intensifica sua presença no Brasil com várias aquisições como a agência Talent, dá mais um passo para se tornar o principal grupo internacional no País. Por enquanto, o posto pertence ao inglês Martin Sorrell, presidente do Grupo WPP, dono das agências Young & Rubicam, JWT e Ogilvy.
O interesse pelo mercado brasileiro se explica pelo seu crescimento. Previsão da consultoria Zenith Optimedia indica que as verbas de propaganda no Brasil cresceram 9,5% este ano e que o País assume a 6.ª posição global.
Fonte:OEstadodeS.Paulo12/07/2011
Nenhum comentário:
Postar um comentário