Technos capta R$ 400 milhões em IPO e diversifica produtos de olho na classe C.
Reinvenção foi a palavra de ordem da Technos nos últimos anos. A tradicional fabricante de relógios – que nasceu em 1956, no Rio Grande do Sul, hoje instalada na Zona Franca de Manaus – foi obrigada a fazer a transição de indústria para empresa de moda.
Depois de amargar um ano no vermelho em 2008, a companhia acelerou sua estratégia de transformação: ampliou o porfólio, atraiu investimentos de fundos de private equity e definiu a classe C como público-alvo.
A reorganização interna culminou com a arrecadação de pouco mais de R$ 400 milhões em uma oferta inicial de ações (IPO) na semana passada. O papel saiu na base das expectativas da companhia, a R$ 16,50, mas fechou o primeiro dia de negociações, na sexta-feira, com alta de mais de 6%. Para especialistas, por ter resultados ligados ao consumo interno, a Technos recebe atenção automática de investidores. Embora a companhia não tenha rede própria de lojas, a presença é pulverizada: são 7,7 mil pontos de venda, incluindo grandes varejistas nacionais, como Lojas Americanas, Riachuelo e C&A.
Com mais dinheiro em caixa, o sócio-diretor da consultoria Alvarez & Marsal, Eduardo Seixas, diz que a única opção da empresa é acelerar o processo de diversificação de portfólio, com o inevitável aumento da oferta de produtos de nicho. A empresa é dona das marcas Technos e Mariner e distribui os relógios da marca de surfwear Mormaii e detém os direitos de distribuição dos produtos Seiko e Euro no País. “É uma mudança estratégica, que tem trazido resultados melhores”, diz o consultor. Em 2010, o lucro da empresa foi de R$ 37,5 milhões, enquanto as receitas somaram R$ 260 milhões.
Concorrência. No entanto, a Technos não foi a única marca tradicional do País a perceber o novo perfil do mercado de relógios. O Grupo Magnum, que também mantém uma fábrica em Manaus, adotou uma estratégia semelhante. Conhecida pelas marcas Cosmos, Magnum e Champion, a companhia já distribui relógios de apelo jovem (Hang Loose), uma linha popular (licenciada pela apresentadora Ana Hickmann) e de estilistas estrangeiros (como Roberto Cavalli).
O diretor associado do Grupo Troiano de Branding, Ricardo Klein, diz que hoje, com o telefone celular, ninguém mais precisa de relógio para saber a hora. “Hoje as pessoas têm coleção de relógios, um para adequar para cada roupa. E o consumidor emergente está atento a isso e quer consumir mais este tipo de produto.”
Na corrida em direção ao mercado de moda, as empresas acabaram por bater de frente : a Champion lançou versão repaginada do modelo troca-pulseiras sucesso nos anos 80. A Technos colocou no mercado produto similar, apostando que uma linha que existe há 30 anos pode ser considerada “domínio público”. Como pioneira no segmento, a Magnum estuda medidas para assegurar a exclusividade.
Fonte: O Estado de São Paulo04/07/2011
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