28 julho 2011

Cade vai suspender fusão entre Dasa e MD1.

A união entre a Diagnósticos da América (Dasa) e a MD1 Diagnósticos será suspensa pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) do Ministério da Justiça. O órgão antitruste está preocupado com o grau de concentração de mais de 55% no mercado de diagnósticos e também com a notícia, publicada pelo Valor na edição de segunda-feira, de que Dasa e MD1 estão integrando suas operações há seis meses.

O conselheiro Ricardo Ruiz, relator do processo, pediu ontem informações às empresas sobre o negócio. Ele deu 15 dias para obter uma resposta. Após esse prazo, as empresas terão duas opções. A primeira é elas se disporem a assinar um acordo com o Cade com as condições pelas quais as estruturas da Dasa e da MD1 terão de ser mantidas em funcionamento de forma separada.

A segunda opção é deixar que os conselheiros do Cade tomem a iniciativa de decidir quais seriam essas condições. Em caso de negociação entre as empresas e o órgão antitruste, seria assinado um Acordo de Preservação da Reversibilidade da Operação (Apro). Por esse documento, as empresas se comprometeriam a manter separadas as estruturas necessárias à realização de operações no mercado de diagnósticos laboratoriais.

Os detalhes da separação seriam decididos após reuniões entre os advogados das empresas e os conselheiros.

Na hipótese de não haver negociação, o Cade deverá determinar medida cautelar impondo as condições que achar necessárias para suspender a união das empresas.

No início da semana, o procurador-geral do Cade, Gilvandro Araújo, recebeu informações de que a união da MD1 e da Dasa estaria levando a concentrações de 55% nos mercados de diagnósticos por imagem, de tomografia, de ultrassonografia, de mamografia, de “raio x” e de outros exames laboratoriais. O percentual foi considerado preocupante.

Para completar, Araújo soube que a MD1, empresa que tem o mesmo controlador da operadora de planos de saúde Amil – o empresário Edson Godoy Bueno – estaria integrando as suas operações com a Dasa. Essa notícia causou preocupação pois, se o órgão antitruste concluir, no futuro, que o negócio traz riscos à concorrência, será mais difícil separar as estruturas das empresas de modo a vendê-las para concorrentes.

“É necessário que a Amil e a Dasa mantenham os seus estabelecimentos separados, tendo em vista possíveis restrições futuras à operação”, afirmou Araújo.

Bueno foi procurado ontem pelo Valor, mas estava viajando e não foi encontrado. Em agosto de 2010, quando a compra da MD1 foi anunciada, Bueno disse que com a incorporação da MD1 pela Dasa, a Amil e o laboratório ganhariam. “Podemos crescer juntos”, observou Bueno, na ocasião, acrescentando que o poder de fogo do maior plano de saúde do país (Amil) e do maior laboratório (Dasa) lhes permitiria oferecer melhores preços do que os concorrentes, quando decidissem expandir suas atividades em novas regiões do Brasil.

O procurador pediu aos conselheiros do Cade a imposição de medida cautelar. Ruiz recebeu o pedido e optou por dar um prazo para as empresas negociarem a suspensão da união de suas respectivas estruturas. Com isso, o Cade vai esperar a resposta da MD1 e da Dasa para tomar uma decisão.

A Dasa informou ontem, em comunicado, que o procurador do Cade trabalha com dados parciais e que o fato de “determinados acionistas” da Amil estarem no capital social da Dasa não significa que Dasa e Amil estejam sob o mesmo controle. A Dasa vai cooperar com o Cade, segundo o comunicado assinado pelo diretor de Relações com Investidores Tharso Bossolani.
Fonte: Valor Econômico28/07/2011

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