Maior indústria de beneficiamento de arroz e feijão da América Latina, a Camil está diversificando suas operações. O grupo acaba de acertar a compra da Femepe e entrar no segmento de industrialização de pescados. Instalada em Navegantes (SC) e controlada até então pelo seu fundador, Orlando Ferreira, a Femepe fechou o ano passado com faturamento de R$ 110 milhões.
O valor da operação não foi informado pelas companhias. A aquisição engloba a fábrica de processamento de pescados – com capacidade para 50 mil toneladas por ano -, a indústria de latas, de gelo e o centro de distribuição em Maceió. Fica fora da operação a frota de barcos pesqueiros, responsável por abastecer as unidades de produção.
“A Camil não atuava nesse mercado, mas o segmento era um dos que vinha sendo estudado por nós devido ao seu potencial de crescimento”, diz Luciano Quartiero, diretor financeiro da Camil. “Este é o primeiro passo para a diversificação de nossos negócios”.
Com vendas de R$ 1,2 bilhão em 2010 e perspectiva de chegar a R$ 1,8 bilhão neste ano, a Camil estima que a Femepe chegará ao grupo com uma fatia entre 6% e 7% da receita total. “Dentro de um prazo ainda indeterminado, a Femepe será totalmente incorporada e as marcas mantidas [Pescador, Alcyon e Navegantes]. Acreditamos que elas ganharão uma abrangência ainda maior, pois a distribuição das duas empresas tem muita sinergia”, diz Gilson Brunelli, diretor da nova unidade de pescados.
A Camil não fala sobre as perspectivas de crescimento do novo negócio. Quartiero lembra que, no Brasil, o segmento de pescado movimenta por ano pouco mais de R$ 1 bilhão. “Ainda é cedo para avaliar quanto a nova unidade representará do negócio da Camil como um todo, mas estamos otimistas com as possibilidades existentes”.
O otimismo não é por acaso. Os últimos dados disponíveis do Ministério da Pesca e Aquicultura mostram que a produção nacional foi de 1,24 milhão de toneladas em 2009. O volume é 7,3% superior a 2008 e sinaliza aumento da demanda nacional por pescados. Do total produzido pelo Brasil, 66,5% são referentes à pesca extrativista, ficando os 33,5% restantes com a criação em cativeiro.
Assim como a Camil, outros grandes grupos estão atentos ao potencial de pescados no Brasil. A PepsiCo, dona da marca Coqueiro, prevê US$ 11 milhões em investimentos para este ano para aumento da capacidade produtiva, promoção e modernização de processos. Além disso, há pouco mais de uma semanas, a Calvo, controladora da Gomes da Costa, confirmou o aporte de R$ 30 milhões para ampliação de sua fábrica em Itajaí (SC). Recém-chegada ao mercado brasileiro, a Crusoe Foods tem planos para investir R$ 50 milhões nos próximos dois anos para conquistar 5% do mercado doméstico.
Fonte: Valor Econômico 24/05/2011
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