22 outubro 2008

Manual para lucrar com a crise

Na semana passada concedi entrevista a ResellerWeb e que está tendo alguma repercussão. http://www.resellerweb.com.br/noticias/index.asp?cod=52246. A repórter Patricia Joaquim intitulou "Manual para lucrar com a crise". Merece mencionar o “feedback” que recebi da Editora após a divulgação “Foi a nota de mais acesso dos últimos dois meses!!!! Muitos acessos mesmo, com duração do tempo na página, isto é, os leitores leram o texto todo!!!".

Manual para lucrar com a crise por Reseller Web 17/10/2008

Empresas e setores específicos tendem a sorrir com os capítulos da crise financeira global, se seguirem os caminhos corretos

Mesmo ainda no auge dos acontecimentos relativos ao colapso financeiro que se alastrou para o mundo a partir dos Estados Unidos, Ruy Moura, diretor da consultoria Acquisitions, vislumbra destinos positivos para empresas que percorrerem os caminhos corretos.

Em sua visão, o canal e todas as empresas que querem passar imunes - o mais possível - devem atentar a alguns passos: "os prudentes adiarão novos investimentos que acarretem impactos significativos no fluxo de caixa nos próximos meses. Também reduzirão o nível de endividamento até clarear um pouco mais o horizonte", mostra o especialista.

Ao lado disso, deve-se perceber alguns pontos que, se seguidos, podem levar a um novo estágio de aproveitamento da crise. E aqui, o consultor levanta a bandeira das M&A (Mergers and Acquisitions, ou ainda, Fusões e Aquisições). "Deverá haver uma tendência em priorizar as empresas que geram sinergias que possam se traduzir em resultados mais rápidos possíveis".

Nesse particular, como em toda a entrevista, ela acaba sendo resumida por conta do espaço/tempo e algumas idéias ou comentários são excluídos. Ressalto, por oportuno, que parte da entrevista foi omitida no texto, mas muito importante. “Nas negociações, tenderão a considerar na forma de pagamento maior proporção em “earn-out “ – modalidade de pagamento vinculado ao cumprimento futuro de metas de desempenho. Vale destacar que em cenários de grandes incertezas, esta modalidade de pagamento equaciona impasses negociais que em outras circunstâncias se tornam "deal breakers", ou barreiras que inviabilizam uma transação.

E estão incluídas nesse grupo empresas (geradoras de sinergias que poderão se converter em resultados rápidos) que:

aumentem o volume de negócios: integração horizontal entre concorrentes, visando aumentar volume e market share, com ganhos de economias de escala;
ampliam o alcance regional: integração horizontal de empresas do mesmo segmento, porém em locais distintos, visando acessar rapidamente novas regiões, com absorção de valores e cultura locais, know-how e ganhos de market share global
aumentem o leque de ofertas: integração horizontal entre não-concorrentes que atendem
clientes comuns com produtos e serviços diferentes;
expandam as competências: integração horizontal parcial de empresas que normalmente não são concorrentes, em que o alvo é parte da cadeia de valor do comprador (marketing, expertise, distribuição ou P&D), a fim de aumentar o valor percebido pelo cliente;
aumentem o alcance a setores: integração vertical (clientes), para adquirir segmentos de mercado, canais de distribuição e clientes potenciais;
gerem melhor background: integração vertical (fornecedores), para arrebanhar recursos estratégicos ou elevar a competitividade ou redução do número de fornecedores;

Por fim, Moura alerta que algumas empresas de atuação específica podem se fortalecer com os desdobramentos da crise:


Outsourcing: de impressão, de pessoas; de processos etc. Em geral, BPO está em avanço, já que supre especialidades que não são essenciais ao core business do cliente;
SaaS: os clientes pressionarão os fornecedores para baixarem os preços. Uma forma de fazer isto será através de modelos de negócios inovadores, por exemplo, assinatura de serviços;
Exportação: pelas expectativas de mercado, com o novo patamar de taxa de câmbio, as empresas que exportam se sairão bem, portanto, empresas fornecedoras de serviços de TI para exportadores serão favorecidas em termos de demanda de serviços;
Governo: as empresas públicas (federais e estaduais) não sinalizam que vão diminuir seus investimentos, até porque, tradicionalmente o ano que antecede as eleições (2009) é o ano em que o governo mais investe com TI.

Admirável Mundo Novo

Estamos no limiar de uma nova era econômico-financeira segundo o artigo do Editor-Chefe Moisés Naím, da Foreign Policy, sob o titulo "After the Fall "edição November/December 2008.

"The search for a new paradigm to replace pre-crash beliefs and institutions is leading many to conclude that American-style capitalism is now dead. “The idea of an all-powerful market without any rules and any political intervention is mad,” said French President Nicolas Sarkozy, adding that “Self-regulation is finished. Laissez faire is finished.” Henry Paulson, the U.S. Treasury Secretary, agreed: “Raw capitalism is a dead end.” Certainly, the crash revealed the need for more effective financial oversight and regulations. But their adoption will not mark the end of capitalism. Millions of Chinese, Indians, Brazilians, and others will continue to be more active participants in the global economy than ever before. And companies from Seattle to Taipei to Lyon will continue to innovate and invest, buy and sell.

Inevitably, the financial crisis will be seen as yet another sign that America is in decline: “The U.S. will lose its status as the superpower of the world financial system. ... The world will never be the same again,” the German finance minister told his parliament in late September. Almost the exact same words were uttered after 9/11. But though the world certainly changed, it did so in far fewer ways than the commentators had predicted. Yes, this financial crisis will deeply transform the global economy and will have deeper and longer-lasting consequences than 9/11. But it neither marks the end of capitalism nor the beginning of America’s demise. "

21 outubro 2008

Opções "baratas" daqui para frente

De acordo com o presidente da Vale, Roger Agnelli, a empresa está preparada para a crise que se agravou nas últimas semanas e poderá, inclusive, gerar oportunidades de novas aquisições.

"Vamos ter, pelo menos, seis meses de um ajuste fortíssimo em todos os mercados. Isso nós estamos absolutamente conscientes", disse, acrescentando que "a crise é profunda, dura, fortíssima e quem não estava preparado vai ser expulso do mercado". "E quem se preparou direitinho para a crise vai poder ter muitas oportunidades pela frente", avisou ele, que avalia que haverá opções "baratas" daqui para frente.

Por outro lado, garante que os preparados, como a Vale, têm até mesmo perspectivas de ganhos. "Podemos substituir um investimento por uma aquisição, temos todas as posições abertas", avisou o executivo. Ele argumenta que "se aparecer alguma coisa barata", a intenção é comprar.

18 outubro 2008

Seja prudente quando os outros são vorazes e seja voraz quando os outros são prudentes.

Do investidor Warren Buffett.
Uma regra simples dita minhas compras: seja prudente quando os outros são vorazes e seja voraz quando os outros são prudentes.

Reconhecendo que as notícias econômicas são ruins, com o mundo financeiro numa confusão, desemprego em alta e atividade empresarial em queda, Buffett escreveu que os investidores estão certos em ter cautela com instituições altamente alavancadas ou com negócios em posições competitivas fracas.

Alerta o que é provável, no entanto, é que o mercado irá subir, talvez substancialmente, bem antes que a confiança ou a economia se recuperem. Para ele, as grandes companhias podem sofrer soluções nos resultados, mas vão ter novos lucros recordes em cinco, 10 e 20 anos.

13 outubro 2008

Humor na crise


Um pouco de humor diante de tantas noticias sobre crise financeira.

12 outubro 2008

Horizonte das operações de M&A


As operações de Fusões & Aquisições no “ middle-market” brasileiro nos próximos seis ou doze meses deverão ter forte influência de fatores decorrentes da atual crise financeira internacional. A relação abaixo não esgota o assunto, simplesmente evidencia algumas ações que já estão ocorrendo.

1. As grandes operações de M&A serão postergadas - Por conta das incertezas, particularmente do impacto de eventuais restrições de crédito a taxas atrativas, os planos de crescimento agressivos que implicam em desembolsos elevados no curto prazo poderão ser suspensos ou adiados alguns meses devido à falta de crédito.
2. Crescimento das participações de Fundos de Private Equity – Os Fundos deverão aumentar sua representatividade no processo e ser um relevante parceiro fora do mercado de capitais para investimentos de longo prazo em empresas de capital fechado.
3. Redução do número de IPO’s - Mesmo que em 2008 praticamente não ocorreram operações de abertura de capital, havia, contudo, expectativas por parte de várias empresas que estavam se preparando para ir ao mercado. Um adiamento do processo de cerca de um a dois anos, até os mercados voltarem ao normal é inevitável. O foco das aquisições será preponderantemente com recursos do mercado doméstico.
4. Valuation – múltiplos menores - Comparativamente, os múltiplos praticados até recentemente sofrerão alguma redução por conta da redução da liquidez e da retração do número das empresas consolidadoras.
5. Redução das operações alavancadas - As operações de crédito alavancadas ficarão mais difíceis e as condições mais restritivas (covenants).
6. Participação maior para Earnouts - Nos casos em que o preço de aquisição é composto por parcela de pagamento no fechamento e parcela(s) dependentes de cumprimento de metas e indicadores de desempenho por parte dos gestores (earnout), esta última passa a ter maior peso.
7. Alongamento dos prazos pagamentos - Possivelmente haverá negociações para ampliar ao prazo de pagamento da aquisição e, principalmente, redução do valor da primeira parcela “cash”.
8. Due diligence mais demorada e rigorosa - Como forma de mitigar eventuais riscos de uma diligência mais expedita, os compradores serão mais rigorosos, principalmente em relação às contingências e seus respectivos desencaixes financeiros.
9. Consolidação entre grupos intermediários – limitações de crédito e difícil acesso ao mercado de capitais farão que empresas de porte médio, que tenham competências em mercado em crescimento poderão aproveitar economias de escala mediante fusões entre elas.
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Qual é a sua lista?

11 outubro 2008

Comprar ou vender empresa. Eis a questão.

Uma das tradicionais questões que sempre se coloca em relação a operações de M&A é quando é o melhor momento para se comprar ou vender uma empresa. A o longo dos últimos anos bateram-se recordes de operações, seja na quantidade de empresas seja no montante das operações que foram realizadas, atribuídas, sobretudo, a janela de oportunidades proporcionadas pelo excesso de liquidez do mercado financeiro internacional.

O que se coloca agora é: com a crise financeira que se abateu sobre a economia mundial quais as perspectivas que se apresentam. Um ponto não se tem dúvidas. As operações de M&A continuarão a acontecer, provavelmente com intensidades diferentes, múltiplos de valor menores, limitação das aquisições alavancadas em crédito, casos de desinvestimentos mediante venda de ativos ou unidades de negócios por conta da escassez de crédito e necessidade de capitalização, etc.
No Brasil, um dos carros chefes que aumentava o apetite do mercado eram os IPO’s – abertura de capital das empresas, na Bovespa. Rarearam em 2008 e possivelmente este cenário se repetirá em 2009.

As empresas de modo geral continuarão buscando além do crescimento orgânico, oportunidades via M&A que contribuam para ampliar a oferta de produtos e serviços, aumento de market-share, seja por conta de aumento do faturamento via expansão regional ou base de clientes em nichos selecionados, internacionalização, ou mesmo pela necessidade de inovação. O que pode ocorrer é uma redução da velocidade dos processos enquanto o horizonte dos desdobramentos da crise não fique claro para os consolidadores.

As opiniões não são unânimes.


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A Biblia De Canais De Vendas E Distribuição


Livro de Pedro Luiz Roccato, que contou com a colaboração de Ruy Moura, no Capítulo 34 “Alianças, Fusões e Aquisições em Canais, publicado em maio/2018.




09 outubro 2008

Crise & Oportunidade?


A noticia divulgada hoje da compra pela Tata Consultancy Services (Grupo Tata) do Citigroup Services Limited, divisão de Business Processing Outsourcing (BPO) do Citigroup, me fez lembrar o recente comentário do papa de M&A, o indiano Damodaran, no meio da turbulência financeira que atravessamos, a respeito dos caracteres chineses sobre Risco (ou crise)= Perigo + Oportunidade. Dizia ele que tanto nos períodos bons como nos perigosos teremos oportunidades lucrativas desde que sejamos sagazes e atentos aos riscos envolvidos.

Ampliação da carteira de clientes e da escala de serviços prestados.


Nesse sentido, a TATA com a compra da unidade do Citigroup por US$ 505 milhões, soube tirar proveito de uma situação adversa que passa as instituições financeiras internacionais, a despeito de afirmar que a compra não está ligada à atual crise no setor financeiro. O acordo de compra prevê ainda um contrato de 9,5 anos, no valor de US$ 2,5 bilhões, no qual a TCS será responsável pelo fornecimento de serviços como desenvolvimento de aplicações, suporte de infra-estrutura, service desk, entre outros. O Citigroup Global Services é um dos maiores fornecedores de serviços de outsourcing do setor bancário e financeiro, com sede na Índia, 12 mil colaboradores e receita projetada em US$ 278 milhões para 2008. Com a aquisição, a TCS amplia a carteira de clientes na área de BPO. A entrada da empresa também reforça a escala de serviços especializados prestados ao grupo financeiro, o que proporcionará melhorias reais ao Citi e a seus clientes. Segundo o CEO da TCS , esta aquisição é um marco para a TCS, que irá ajudá-la não só a reunir novas competências no segmento de BPO, mas também contribui para o crescimento da empresa.


Interessante navegar na apresentação da operação aos investidores, em especial a respeito da criação de valor estratégico que a compra proporcionou: http://www.tcs.com/sitecollectiondocuments/investors/presentations/TCS-Citi-Analyst-presentation.pdf.


Grupo japonês compra empresa de TI na India de propriedade de banco americano que faliu.


O grupo japonês de serviços financeiros Nomura Holdings entrou em um acordo com a Lehman Brothers Holdings para adquirir o centro de operações de TI do banco Lehman Brothers de Mumbai, Índia, por um preço não divulgado. O Lehman faliu em setembro.