13 novembro 2018

Mercado de ações vale menos da metade do PIB

A representatividade do mercado de capitais brasileiro em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) cresceu com o passar dos anos, mas, depois da crise mundial de 2008 e dos últimos anos de recessão no Brasil, voltou a ocupar um lugar modesto.

Com 341 empresas listadas atualmente, o Brasil fica do mesmo tamanho de países como Vietnã, Israel e Turquia. A Índia tem mais de 6 mil empresas no mercado e na China, são 2,5 mil, segundo Andre Rosenblit, responsável pela área de renda variável do Santander.

Menos empresas também passaram a valer mais na bolsa, mas isso deve ser relativizado na comparação com todas as riquezas produzidas no país. Hoje, as 341 companhias valem R$ 3,5 trilhões, ou 47,6% do PIB brasileiro. A capitalização da bolsa de valores dos Estados Unidos equivale a 127% do PIB, enquanto no Japão essa relação é de 118%. No Chile, o valor de mercado das empresas representa 91% do PIB. Os dados foram compilados pelo Santander.

Em uma série histórica desde 1996, o valor das empresas da bolsa brasileira chegou a encostar no tamanho do PIB apenas no "boom" de aberturas de capital, em 2007 - naquele ano, pouco mais de 400 empresas tinham o tamanho de quase todo o PIB do país. As informações reunidas pelo Valor consideram o ajuste dos dados pela inflação de outubro, para fins de comparação em todos os anos.

Se de um lado o Brasil oferece pouca diversificação aos investidores, a concentração também faz com que o mercado seja muito refratário aos pequenos investidores. Segundo Rosenblit, nos países emergentes, a média de pessoas físicas investindo em bolsa é de 5% da população. Se o Brasil tivesse no mesmo patamar, 10 milhões de pessoas estariam com ações nas mãos - mas só 740 mil investidores dessa categoria estão no mercado, segundo os dados mais recentes da B3.

Caso a bolsa volte a ganhar tração, num cenário de juros mais baixos e crescimento do PIB, é possível esperar que muitas companhias possam retornar ao mercado de ações para financiar a expansão dos seus negócios.

Em andamento, destaque para Tivit e BMG, que já entraram com pedido de oferta inicial de ações (IPO) na Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

As perspectivas positivas para o Brasil também permitem que a cena local possa "tranquilamente se sobrepor ao exterior", caso o ambiente global permaneça neutro ou levemente negativo aos emergentes, afirma Pedro Sales, gestor de ações da Verde Asset.

"Está todo mundo otimista e o mercado se antecipou a isso, mas é uma aposta no futuro, precisamos de alguns indicadores que comprovem esse otimismo", dizem os sócios Joaquim de Oliveira e Daniel Facó, do escritório Cescon, Barrieu, Flesch & Barreto. Ambos afirmam que também já trabalham em algumas operações para o ano que vem, sendo três grandes para janeiro e mais três até o fim do primeiro trimestre "Quando há mais companhias [no mercado], há mais equilíbrio na demanda e menor volatilidade das ações. Um número maior de companhias também ajuda a balizar a entrada de outras no mercado", diz Fabio Nazari, chefe de mercado de capitais de renda variável do BTG Pactual. "Se tivermos um caminho claro em termos de fundamentos macro e político, podemos ter mais de cem companhias entrando em bolsa nos próximos três ou quatro anos." Fonte:Valor Econômico Leia mais em portal.newsnet 13/11/2018

13 novembro 2018



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