25 junho 2018

Apps de caminhões duelam e atraem Bono Vox e Bill Gates

O que há em comum entre Bill Gates, Bono Vox, Uber e caminhoneiros?

São todos diferentes pontas de um novo negócio tecnológico: aplicativos de transporte que, em vez de unir passageiros e carros de passeio, juntam cargas e caminhões.

É um serviço que vem crescendo e ganhando escalanos Estados Unidos e no Brasil, onde o transporte rodoviário prevalece, embora em fase muito diferentes em cada um dos países.

Nos EUA, a economia aquecida faz transportadoras disputarem cabeça a cabeça os 3,5 milhões de caminhoneiros, dos quais menos de 400 mil são autônomos, segundo a ATA (associação do setor), e aplicativos como o Convoy (do qual Bono e Gates são sócios) e o Uber Ereight travam guerra de promoções por fatias do mercado.

No Brasil, é o panorama inverso que cria oportunidade de negócio: com receitas em queda, ferramentas para aumentar a rentabilidade se tornam mais atrativas.

O volume de carga (principalmente da indústria e do comércio) caiu, prejudicando as contas dos 2,6 milhões de caminhoneiros —374mil autônomos, segundo a CNT (confederação do setor).

Os caminhões brasileiros trafegam com 61% de sua capacidade, e 39% das viagens são de veículos vazios, mostrou pesqtúsa da EPL (Empresa de Planejamento e Logística) feita em 2014.

O uso dos apps, segundo dados das próprias empresas e depoimentos de caminhoneiros, garante rendimento até 3 0% maior para os motoristas.

É o caso de William Banzer, 32, na estrada há seis anos. No começo deste mês, ele levava uma carga para João Pessoa e já negociava pelo aplicativo um frete para voltar no mesmo dia.
Banzer diz que a ferramenta aumentou o número de viagens, eliminoutrajetos vazios e também permitiu fazer novos contatos e parcerias.

Os apps são aversão digital dos agenciadores —intermediários que distribuem carga empostos de combustíveis ou terminais de carga. São necessários porque o mercado tem uma “pulverização gigante”, afirma Mareio D Agosto, professor de engenharia de transportes da Coppe-UFRJ.

O que os aplicativos estão fazendo é concentrar essa função, hoje fragmentada entre milhares de pequenos intermediários locais.

Não se sabe o número exato de apps —caminhoneiros falam em cerca de dez, dos quais se destacam Eretebras e TruckPad, commais de 500 mil downloads registrados na loja Google Play.
Sócio-fundador do TruckPad, Carlos Mira, 50, percebeu a oportunidade de negócio quando trabalhava na transportadora da família, e lançou seu app em 2013.

“Apanhamos bastante, porque os caminhoneirosnão tinham smartphone, e os que tinham não sabiam usar o app.”

Em 2015, o grupo Movile (Maplink e Apontador) comprou uma participação, e em 2017 foi a vez da Mercedes- Benz. A TruckPad faturou R$ 3,6 milhões em 2017.

Outra vantagem do uso da tecnologia é “aprender com os dados” para selecionar motoristas confiáveis, veículos adequados e clientes responsáveis, diz Jefferson Machado, presidente da Eretebras.

A empresa cobra uma assi- namra de seus clientes (empresas, transportadoras e agenciadores) e espera fatu- rar R$ 8,7 milhões neste ano. O lucro líquido médio tem sido de 34%, e desde seulançamen- to, em 2008, R$ 15 milhões foram investidosna plataforma.

A expansão dos smartphones ajuda. Em 2016, eram 66% dos motoristas na web, segundo a CNT, mas a penetração cresceu desde então.

“Não conheço caminhoneiro sem smartphone e internet. Quem não tem vai ficar para trás”, diz o motorista Cícero Silva, 44, há 17 anos na estrada.

Ele reclama, porém, de que nem sempre é fácil entender como usar o aplicativo e de que a tecnologia não resolve um problema do setor: os fretes “de retorno”.

Cientes de que mmtos ca- minhoneirosprecisam voltar para aregião Sudeste, empresas oferecem valores baixos.

Silva costuma receber R$ 7.000 para levar 8 toneladas de São Paulo à Bahia. “Na volta, já recebi oferta de R$ 3.200 por um frete de 24 toneladas. Não consigo entender essa lógica.”
Para executivos de logística, a eficiência na comunicação é uma grande vantagem dos aplicativos, mas há muito o que inovar.

“O setor ainda precisa de iniciativas para agilizar a contratação, a identificação de carga e a redução de burocracia”, diz Rodrigo Koelle, gerente da Cargill Transportes. Fonte:Folha de S.Paulo Leia mais em portal.newsnet 24/06/2018


25 junho 2018



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