04 agosto 2017

Preço de venda da Cesp divide mercado

O preço mínimo colocado pelo governo de São Paulo na privatização da Cesp, de R$ 16,80 por ação, dividiu o mercado quanto à sua potencial atratividade.

O sucesso do leilão, marcado para 26 de setembro, vai depender de questões que podem aumentar o valor da companhia, como ganhos de eficiência, sinergias e expectativa de extensão das concessões de geração de energia.

Pelo edital, o Estado terá o potencial de arrecadar no mínimo R$ 2,2 bilhões.
No total, o preço mínimo avalia a empresa em cerca de R$ 5,4 bilhões. As ações fecharam o pregão de ontem com ganho de 1,93%, a R$ 16,41.

Um lado considerado positivo do edital é o fato de que o valor incontroverso das indenizações pleiteadas pela Cesp ao governo federal pela devolução das hidrelétricas de Três Irmãos, Jupiá e Ilha Solteira, de R$ 3 bilhões, ficará com o novo controlador - e já está, portanto, embutido no preço, representando uma grande parcela.

O valor controverso da indenização pleiteada soma R$ 5,6 bilhões. Caso a empresa vença na Justiça ou entre em um acordo com a União pela fatia controversa, o montante será pago aos atuais sócios, inclusive os minoritários. No entanto, a Cesp - com seu novo dono - é que continuará liderando essas conversas.

Em um primeiro momento, pode parecer que o novo controlador da elétrica não terá, portanto, incentivos para brigar com o governo federal por uma indenização mais elevada. O cenário muda quando se considera que o novo controlador poderá utilizar essa parcela controversa para barganhar com a União a extensão das concessões.

Isso pode ser útil para o leilão atrair investidores, especialmente quando se leva em conta que a concessão do principal ativo da companhia, a hidrelétrica de Porto Primavera (de 1.540 MW de potência), expira em julho de 2028.

Além de Porto Primavera, a Cesp tem ainda as concessões de Paraibuna, de 87 MW e com vencimento em março de 2021, e Jaguari, que tem 27,6 MW e expira em maio de 2020. Esta última deve voltar ao governo de São Paulo depois do fim da concessão. O edital aponta que, "tendo em vista a relevância hídrica" do reservatório da usina, o governo paulista pretende pleitear uma autorização para explorar o ativo.

Até o momento, a China Three Gorges (CTG) é a preferida para levar a estatal paulista em um eventual leilão. A companhia já comprou as hidrelétricas de Jupiá e Ilha Solteira, além dos ativos que eram da Duke Energy no Brasil, todos antigamente pertencentes à Cesp. A gestora canadense Brookfield, que brigou com a CTG pelos ativos da Duke Energy, também é potencial candidata.

O Itaú BBA permanece cético sobre a atratividade da privatização da Cesp, devido ao preço mínimo colocado. Em relatório enviado a clientes ontem, o banco apontou que há vários elementos que podem elevar o valor da companhia, como uma redução de passivos provisionados, que somam R$ 3 bilhões, e a extensão das suas concessões, além da melhora do balanço da companhia.

"Ainda assim, acreditamos que as partes possivelmente interessadas não vão incluir essas estimativas em seus lances, tornando o preço mínimo do leilão muito caro", escreveram os analistas Pedro Manfredini e Gustavo Miele.

O Credit Suisse também não vê o leilão atraindo grande competição, impedindo que o Estado de São Paulo levante um prêmio significativo. "Nós acreditamos que a Cesp perdeu a maior parte da sua atratividade quando descartou a possibilidade de renovar as concessões", escreveram os analistas Vinicius Canheu e Arlindo Carvalho, em relatório. Levando em conta o perfil apertado de geração de fluxo de caixa, o tamanho do negócio e as complexidades legais aos quais a companhia está envolvida, os analistas não acreditam que o leilão terá uma competição significativa.

Já o J.P. Morgan considera que o preço mínimo deve possibilitar competição, especialmente de grupos estrangeiros e fundos de private equity. "Não ficaríamos surpresos se o lance vencedor carregasse um prêmio em relação a esse preço", escreveram os analistas Fernando Abdalla, Henrique Peretti e Carolina Yamaguchi. - Valor Econômico Leia mais em portal.newsnet 04/08/2017

04 agosto 2017



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