07 junho 2017

Fundos de private e venture capital investem R$ 1 bi em fintechs nacionais

Os fundos de private equity e venture capital - que adquirem participações societárias em empresas - já investiram R$ 1 bilhão no segmento nacional de fintechs, as inovadoras do mercado financeiro.

O número foi divulgado ontem no Congresso 2017 da Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital (Abvcap), realizado em São Paulo. "Estamos vendo o desenvolvimento de fundos específicos para fintechs", disse o sócio do escritório TozziniFreire, Rodrigo Vieira.

Na visão do sócio responsável pelos fundos de venture capital da Performa Investimentos, Humberto Matsuda, o potencial das fintechs é promissor diante do Sistema Financeiro concentrado que existe no Brasil. "Há espaço para fintechs em atividades complementares ou antagônicas às (fornecidas) por instituições financeiras", diz.

Matsuda aponta que a saída (realização do lucro) dos cotistas de fundos de private equity e venture capital que aportaram recursos em fintechs ocorrerá no futuro por meio do mercado de fusões e aquisições (M&A).

"Num horizonte de tempo razoável para os investidores de fundos, o M&A é muito mais provável e prático. Num primeiro momento, sim, as principais instituições financeiras seriam as compradoras [de fintechs], mas creio que haverá oportunidades para grandes empresas de tecnologia", sugere Matsuda.

Rodrigo Vieira, do escritório TozziniFreire Advogados, ainda sugere que grandes companhias de varejo também podem ser eventuais compradoras dessas empresas inovadoras da área de pagamentos. "Como não temos um mercado de IPOs consistente para esse segmento, um caminho natural para a saída dos investidores [de fundos] também será a venda das fintechs para instituições tradicionais."

Em outras palavras, com o crescimento desse segmento tecnológico é provável que em breve, essas startups sejam alvos para aquisição, não somente de grandes bancos, mas também de companhias de tecnologia globais como Facebook, Apple ou Google, e outras que já aportam recursos em soluções para pagamentos e financiamento.

Entre os casos de sucesso apresentados no Congresso da Abvcap, o CEO da AsaaS, Piero Contezini, cuja fintech desenvolveu uma solução para emissão de boletos eletrônicos para pequenos empreendedores, contou que a AsaaS movimentou R$ 100 milhões no ano passado, e projeta R$ 400 milhões no exercício de 2017. "Em maio tivemos nosso primeiro resultado positivo. E já alcançamos 4 mil clientes', disse Contezini aos congressistas.

Perfil do segmento

Ontem, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) - autarquia fiscalizadora do mercado financeiro e de capitais - divulgou sua primeira pesquisa sobre fintechs. De 80 empresas respondentes, 24 possuem, dentre seus clientes, empresas ou grupos já estabelecidos no setor financeiro, enquanto 18 apresentam, dentre seus investidores, as empresas em referência. Já 36 negócios possuem algum tipo de parceria com empresas do segmento financeiro já estabelecidas.

Dito de outra forma, uma parte relevante das fintechs já possui em sua constituição, vínculo com bancos, fundos de private e venture, investidor anjo ou equity-crowdfunding.

"Esta informação em particular demonstra um forte potencial de ligação entre empreendimentos do setor fintech e o mercado de capitais uma vez, que apenas 22, dentre os 80 respondentes, afirmaram não haver qualquer vínculo entre seu negócio e empresas do segmento financeiro", observou o regulador.

A pesquisa da CVM também notou que 57,5% das respondentes informaram que estão em busca de investidores ou parceiros para o negócio. Jornalista: Ernani Fagundes - DCI Leia mais em portal.newsnet 07/06/2017

07 junho 2017



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