29 junho 2017

Ex-Deutsche monta butique para fusões e gestão de fortunas

Depois de 30 anos em grandes instituições financeiras, Bernardo Parnes mudou de lado. O ex-presidente do Deutsche Bank na América Latina montou a Investment One Partners, que desde janeiro presta serviços de aconselhamento ("advisory") a empresas em fusões e aquisições e que também terá uma gestora de recursos.

Desde que abriu as portas, a butique de investimentos obteve alguns mandatos e fechou três operações, entre elas a compra da fábrica da Zoetis (antiga Pfizer Saúde Animal), em Guarulhos (SP), pela União Química, um ativo avaliado em mais de R$ 500 milhões, conforme reportou o Valor no fim de março. Fez também a estruturação de um fundo de recebíveis para uma companhia do setor agrícola de R$ 60 milhões. Na área de gestão de patrimônio, Parnes diz que deve fechar o semestre com um total de R$ 800 milhões em recursos dentro e fora do Brasil.

Ao seu lado na unidade de negócios, Parnes conta com Fabio Jung, que foi oncologista por mais de uma década e depois decidiu fazer um MBA na Wharton School, na Filadélfia (EUA), dando uma guinada na carreira. O primeiro emprego "financeiro" foi na Merrill Lynch, no segmento de "health care". Voltou para o Brasil pelo Deutsche Bank cinco anos atrás.

Na Investment One, ele vai conciliar as duas experiências e o ramo de saúde tende a ser um dos carros-chefes da casa. As aquisições bilionárias de fatias da Rede D'Or pelo fundo de private equity Carlyle e pelo fundo soberano de Cingapura, em 2015, são exemplos do interesse estrangeiro pelo segmento e há muita consolidação por vir, diz Jung. "É um setor muito pulverizado no Brasil. Enquanto nos EUA três distribuidores detêm 95% do mercado, aqui o top 5 tem cerca de 40%." E o mesmo ocorre com os provedores de serviços, acrescenta Parnes, referindo-se a novas tecnologias e laboratórios.

A percepção dos executivos é que cada vez mais as empresas vão buscar consultorias independentes para operações societárias e reestruturações financeiras. "A tendência é que as companhias busquem as butiques que não têm crédito no balanço, é 100% do tempo no 'advisory' do M&A [mergers and acquisitions]", afirma Jung. Conforme cita, no ano passado, as cinco maiores transações de fusões e aquisições foram desenhadas por assessorias externas antes de chegar aos bancos, a exemplo da compra da Time Warner pela AT&T - com consultoria da Perella Weinberg Partners e da Allen & Company.

A ideia é ainda aproveitar a sinergia entre eventos de geração de riqueza, com a venda de empresas, reestruturações ou ofertas secundárias de ações, para assessorar famílias na gestão do seu patrimônio. Para comandar a área, que vai atender clientes a partir de R$ 50 milhões, Parnes atraiu Raphael Zagury, que trabalhou na divisão de grandes fortunas do Deutsche em Nova York voltada para América Latina depois de passagens pela Merrill Lynch, Goldman Sachs e Safra.

No posto, Zagury pretende se valer da bagagem internacional para dar um destino aos recursos dos investidores menos correlacionado com o vaivém dos ativos domésticos. "O Brasil tem uma peculiaridade, com todo mundo concentrado nas mesmas posições, tanto o cliente individual quanto os gestores. Os multimercados, com alguma exceção, acabam ficando muito parecidos, então apenas dividir os ativos entre fundos diferentes não oferece real diversificação, vale olhar para fora."  - Valor Econômico Leia mais em portal.newsnet 29/06/2017

29 junho 2017



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